domingo, 18 de outubro de 2009
A irônia de Inglorious Bastards
A sensação é indescritível. Além de cômico, o filme revela quanto o ser humano é impiedoso. Não pelas atrocidades nazistas que já conhecemos, mas pelo seu desfecho de efeito espetacular.
Ao exterminar todos os nazistas de uma só vez na explosão do cinema da jovem judia Soshanna, Quentin Tarantino desperta no público o mesmo sentimento de satisfação que o caricato personagem de Adolph Hitler expressa durante todo o filme. Logo no início, no diálogo entre o camponês Pierre LaPadite ( Denis Menochet) e o caçador de judeus, Hans Landa (Christoph Waltz), Tarantino explora a insanidade do nazismo: ninguém sabe porque os ratos são odiados, eles servem apenas para serem mortos. Essa é a sensação reveladora e assustadora despertada ao ver a cúpula nazista ir pelos ares.
A construção dos diálogos e dos capítulos parece nos colocar no filme, regado ao banho sangue característico dos filmes de Tarantino. Os Bastardos, grupo liderado pelo irônico Aldo Raine (Brad Pitt) é simplesmente hilário. As doses de violência e sarcasmo parecem combinadas homeopaticamente.
Sensacional!
Veja o trailer:
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quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Search...
Odeio quando sou chamada para fazer entrevista de emprego e quando chego na empresa, cadê a entrevista? Prova é prova, entrevista é entrevista e ponto. Na verdade, o que me irrita não fazer a prova, mas sim ver a pretensão dos futuros patrões em achar que sou o sistema de busca do Google.
Esta semana participei de uma seleção que perguntava quem era Ana Hickman. Ora, mas que importância tem a Ana Hickman dentro das funções que teria que desempenhar. Como postou o André Coxa, que também participou da mesma seleção, no Twitter: “Se eu respondesse modelo, apresentadora e gostosa pra caralho seria considerado resposta 100% correta?”. Seleções assim, as vezes, me parecem sem critério.
No entanto, apesar desses dissabores, preciso continuar minha busca até que hoje encontrei um dos anúncios de emprego mais engraçado que já vi na vida. A Mythos Editora, que faz a produção editorial dos quadrinhos da Panini Comics, está buscando um sidekick (assistente editorial). O anúncio é muito criativo, como se fosse uma história em quadrinho e a ficha de inscrição pergunta até “por que acha que pode ser um super-herói dos quadrinhos?”. Sensacional. De uma forma descontraída, os conhecimentos específicos do candidato são testados. Gostei porque as perguntas não são feitas aleatoriamente, mas não me candidatei porque não sei nada de HQ.
Pra quem ficou curioso, é só dar uma olhada lá: http://www.mythoseditora.com/vaga/
Esta semana participei de uma seleção que perguntava quem era Ana Hickman. Ora, mas que importância tem a Ana Hickman dentro das funções que teria que desempenhar. Como postou o André Coxa, que também participou da mesma seleção, no Twitter: “Se eu respondesse modelo, apresentadora e gostosa pra caralho seria considerado resposta 100% correta?”. Seleções assim, as vezes, me parecem sem critério.
No entanto, apesar desses dissabores, preciso continuar minha busca até que hoje encontrei um dos anúncios de emprego mais engraçado que já vi na vida. A Mythos Editora, que faz a produção editorial dos quadrinhos da Panini Comics, está buscando um sidekick (assistente editorial). O anúncio é muito criativo, como se fosse uma história em quadrinho e a ficha de inscrição pergunta até “por que acha que pode ser um super-herói dos quadrinhos?”. Sensacional. De uma forma descontraída, os conhecimentos específicos do candidato são testados. Gostei porque as perguntas não são feitas aleatoriamente, mas não me candidatei porque não sei nada de HQ.
Pra quem ficou curioso, é só dar uma olhada lá: http://www.mythoseditora.com/vaga/
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Metrô, o melhor amigo de São Paulo...ou de quem estiver carente
Ela era uma senhora gorda, usava galochas de oncinha e um casaquinho da mesma estampa. No rosto, os óculos de sol não escondiam somente os seus olhos. Uma “coroa” moderna. O metrô estava vazio e ela falava muito alto, a única alternativa era escutar a conversa dela com uma mulher que estava sentada ao seu lado. Elas não eram amigas, haviam acabado de se conhecer.
O grande problema da senhora era a sogra dela. “Aquela cobra só quer por o meu marido contra mim”. Ora, o que a outra mulher tinha a ver com isso? Se fosse comigo, nem daria atenção. E ela continuou: “Sábado ela ligou dezenove vezes no meu celular, eu não quis atender porque já sabia o assunto, não podia falar na frente das minhas amigas. Depois ela foi e falou um monte do pro meu marido.
- Ela é o demônio!
Confesso que nessa hora não aguentei e deixei um leve sorriso escorregar em meus lábios. A outra mulher, ainda calada, resolveu se manifestar: “Pois quem é o demônio na minha família é a minha mãe!”. Mais uma vez sorri, afinal porque elas tinham que contar a vida delas pra todos que estavam no vagão? Fiquei com ódio, mas segundos depois tive pena. Mesmo cercadas pelos amigos de trabalho e pela família, ambas estavam carente e, por isso, contariam seus problemas para o primeiro cachorro que encontrassem na rua. È muito comum encontrar, em transportes coletivos, andares solitários no meio da multidão, como essas senhoras.
Deve ser difícil não ter ninguém para compartilhar as desventuras do cotidiano. Mas elas não se importaram e por vinte minutos se tornaram amigas de infância. O condutor anunciou:
- Estação Santana.
Elas se despediram, desejaram boa sorte uma para outra e, provavelmente, nunca mais se encontrarão na vida.
O grande problema da senhora era a sogra dela. “Aquela cobra só quer por o meu marido contra mim”. Ora, o que a outra mulher tinha a ver com isso? Se fosse comigo, nem daria atenção. E ela continuou: “Sábado ela ligou dezenove vezes no meu celular, eu não quis atender porque já sabia o assunto, não podia falar na frente das minhas amigas. Depois ela foi e falou um monte do pro meu marido.
- Ela é o demônio!
Confesso que nessa hora não aguentei e deixei um leve sorriso escorregar em meus lábios. A outra mulher, ainda calada, resolveu se manifestar: “Pois quem é o demônio na minha família é a minha mãe!”. Mais uma vez sorri, afinal porque elas tinham que contar a vida delas pra todos que estavam no vagão? Fiquei com ódio, mas segundos depois tive pena. Mesmo cercadas pelos amigos de trabalho e pela família, ambas estavam carente e, por isso, contariam seus problemas para o primeiro cachorro que encontrassem na rua. È muito comum encontrar, em transportes coletivos, andares solitários no meio da multidão, como essas senhoras.
Deve ser difícil não ter ninguém para compartilhar as desventuras do cotidiano. Mas elas não se importaram e por vinte minutos se tornaram amigas de infância. O condutor anunciou:
- Estação Santana.
Elas se despediram, desejaram boa sorte uma para outra e, provavelmente, nunca mais se encontrarão na vida.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
O que fazer com uma ideia fixa? Post em tom de desabafo...
Inquieta. Porque nunca me dou por satisfeita com tudo que eu tenho em minhas mãos. Ah, esse meu jeito de sempre querer mais, de sempre querer mudar me incomoda. Na verdade, não gosto de rotina. Gosto de ter várias coisas pra fazer ao mesmo tempo, de escolher entre as mais e as menos importantes. E, por isso, me sinto assim: angustiada.
São nesses momentos que aparecem novas ideias que facilmente se tornam fixas e exigem atitudes extremas. Não é largar tudo e viver a vida loucamente, é apenas investir em mim, investir no meu futuro profissional. Aliás, esse é uma das minhas preocupações porque acho que ainda não consegui ser a profissional que tanto desejei. Não se trata de uma questão de competência (como já pensei muitas vezes) e sim de oportunidades. Tenho que ordenar constantemente: "Sheila, para de ser louca!"
Emprego legal, carga horária legal, vida normal. Deveria estar tudo ok, certo? Errado! Parece que ainda não consegui unir o útil ao agradável. E as idéias continuam surgindo fixamente. O que fazer? Não sei! Deixo as ideias apodrecerem ou as executo?Se alguém souber, me avise, por favor! Urgente!
São nesses momentos que aparecem novas ideias que facilmente se tornam fixas e exigem atitudes extremas. Não é largar tudo e viver a vida loucamente, é apenas investir em mim, investir no meu futuro profissional. Aliás, esse é uma das minhas preocupações porque acho que ainda não consegui ser a profissional que tanto desejei. Não se trata de uma questão de competência (como já pensei muitas vezes) e sim de oportunidades. Tenho que ordenar constantemente: "Sheila, para de ser louca!"
Emprego legal, carga horária legal, vida normal. Deveria estar tudo ok, certo? Errado! Parece que ainda não consegui unir o útil ao agradável. E as idéias continuam surgindo fixamente. O que fazer? Não sei! Deixo as ideias apodrecerem ou as executo?Se alguém souber, me avise, por favor! Urgente!
Voltando...
E lá vamos nós. Confesso o relaxo de minha parte em parar de postar, mas as vezes fica complicado conciliar muitas tarefas em um mesmo dia. Trabalhar o dia todo na frente do computador faz a gente querer ficar longe da máquina em casa e, assim, o tempo passou. “Amanhã eu posto”, todos os dias era o mesmo pensamento, mas já se passou mais de um mês e nada. Se não postar virou rotina, então vamos sair da rotina, ué! Não prometo escrever todos os dias porque não gosto de mentir pra mim mesma, mas me esforçarei para postar com freqüência. Tamo aê na atividade!!
domingo, 12 de julho de 2009
Imagine se ele não fosse apegado ao cargo...
Segundo Roseana Sarney, filha do presidente do Senado, seu pai "não é apegado a cargo". Engraçada essa afirmação já que dia após dia, José Sarney vem resistindo cinicamente às denúncias que pesam sobre as suas costas e não larga, de forma alguma, a presidência da Casa.
Além dos Atos Secretos do Senado, o ex-presidente, ainda está envolvido em outros escândalos como, por exemplo, o desvio de parte da verba emitida pela Petrobras à Fundação José Sarney e uma "suspeita" conta no exterior. Sem contar que hoje, em pleno domingão, outra denúncia caiu como uma bomba. A nota fiscal da empresa varejista Sousa Premiere está na prestação de contas da entidade no convênio com a Petrobras. Teriam sido pagos R$ 12 mil por um curso de capacitação de história da arte ministrado para a Fundação José Sarney.
Na verdade, escrevi tudo isso só pra comentar sobre um vídeo muito bom que vi no blog OpinaSid. É um trecho do filme A Queda - As Últimas Horas de Hitler [download aqui] com a legenda adaptada à crise de Sarney. O nome é A Queda do Bigodão, vale a pena, é engraçado.
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quinta-feira, 9 de julho de 2009
A festa do menino [Michael] morto
Enfim, acaba a festa do menino morto. Depois de 12 dias de sua morte, o caixão de Michael Jackson foi levado para diante dos “famintos” olhos da imprensa e dos fãs. O engraçado é que o mesmo ídolo pop que dias antes era só reconhecido por sua estranha figura foi ressuscitado em sua morte. Estranho? Não, afinal o sucesso póstumo sempre acontece e com Michael Jackson não seria diferente.
Quem assistiu ao filme “A festa da menina morta” deve ter percebido uma grande semelhança, afinal, as situações se dão em torno das misteriosas mortes de pessoas santificadas. Na ficção, a morte da menina é celebrada com uma festa em que toda a população segue em procissão cantando, chorando e rezando até chegarem ao altar para escutar o discurso de Santinho, o mensageiro da menina morta.
Na realidade, a narrativa caminhou pelos mesmos trilhos. Desde o dia da morte de Michael Jackson milhares de pessoas cantaram incansavelmente suas músicas, choraram, prestaram homenagens e caminharam rumo ao palco. A diferença é que nessa procissão, apenas 17.500 fiéis puderam se aproximar do santo, já que esse foi o número de ingressos distribuídos ao público. Outro ponto: ao contrário da “festa da menina morta”, acompanhada apenas pela população ribeirinha, o mundo acompanhou a cerimônia do rei do pop.
Onde estará o corpo de Michael Jackson agora? Ninguém sabe, não há notícias se houve enterro, se haverá cremação, nada! Onde foi parar o corpo da menina que dá nome ao filme? Ninguém sabe também! Pode ser loucura minha, mas vejo a ficção e a realidade se cruzando a todo instante nesses grandes espetáculos.
Parece-me que após a morte de Michael todos aqueles que o criticavam tomaram uma “dose” de bondade e passaram a entender sua excêntrica personalidade. Todos passaram à condição de psicólogos e começaram a avaliar os distúrbios de um homem que teve uma infância conturbada. Toda essa “parafernália” desnecessária fez parte da festa. No filme dirigido por Matheus Nachtergaele, são tantos os psicólogos que o irmão da menina morta se revolta e não quer a realização da festa. Ele alega que muitos nem sabem o que estão fazendo lá. Pois é, a vida – ou a morte – é assim...
Nota: Não, eu não sou insensível, apenas acho que as pessoas, independente se astros do pop ou moradores de uma região ribeirinha, tem o direito de morrer sem especulações. Para mim, esse negócio de criticar em vida e santificar na morte está completamente fora de moda (rs). Admito que gosto do Michael Jackson, suas músicas fizeram parte da minha infância, meus tios escutavam muito. Apesar de ser jornalista, em vários momentos, acho a imprensa completamente ...imbecil. "Who's bad?"
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sábado, 4 de julho de 2009
Nicolau Maquiavel e a mulher mais feia do mundo
A mulher mais feia do mundo
Essa é para consolar os pegadores de plantão. Há sempre uma desculpa quando se "pega"uma mulher feia ou, como dizem meus amigos, uma catralha. "Ah, bebi demais", "estava escuro" ou ainda aquela de que "na balada vale tudo". Pois saibam que Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe (download aqui), ficou, segundo ele mesmo, com uma das mulheres mais feias da história.
O relato está em uma carta de Maquiavel em que ele revela que "dormiu e brincou com uma dama a quem chamou de borrão de visão de tão feia. Alguns de seus amigos desconfiavam de sua história, porém a carta é real e conhecida por poucos. Apesar de afirmar que ela era mais feia do que pensava porque estava muito escuro, ele reconhece seu lado "putanesco". O pior de tudo é ele contar que depois de ver aonde, literalmente, havia se "enfiado", vomitou em cima da dama.
A história é muito engraçada, quem tiver um tempinho pra conferir vale a pena. É um texto bem longo, característico da revista Piaui
Essa é para consolar os pegadores de plantão. Há sempre uma desculpa quando se "pega"uma mulher feia ou, como dizem meus amigos, uma catralha. "Ah, bebi demais", "estava escuro" ou ainda aquela de que "na balada vale tudo". Pois saibam que Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe (download aqui), ficou, segundo ele mesmo, com uma das mulheres mais feias da história.
O relato está em uma carta de Maquiavel em que ele revela que "dormiu e brincou com uma dama a quem chamou de borrão de visão de tão feia. Alguns de seus amigos desconfiavam de sua história, porém a carta é real e conhecida por poucos. Apesar de afirmar que ela era mais feia do que pensava porque estava muito escuro, ele reconhece seu lado "putanesco". O pior de tudo é ele contar que depois de ver aonde, literalmente, havia se "enfiado", vomitou em cima da dama.
A história é muito engraçada, quem tiver um tempinho pra conferir vale a pena. É um texto bem longo, característico da revista Piaui
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sábado, 27 de junho de 2009
A melhor homenagem para Michael Jackson
Detentos filipinos voltam a interpretam o videoclipe Thriller, de Michael Jackson, na última sexta-feira (26), para homenagear o ídolo pop. A primeira encenação foi no ano de 2007 e fez sucesso no YouTube. Sem dúvida, a melhor de todas as homenagens prestadas até agora!
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quinta-feira, 25 de junho de 2009
Debate MTV - Jornalista precisa de diploma?
O tema do Debate MTV exibido na última terça-feira foi "Jornalista precisa de diploma?". Eu assiti e achei que a discussão poderia ter sido melhor, mas para quem ainda quer saber mais opiniões sobre o assunto, vale dar uma olhada.
Debate MTV (assista aqui)
Debate MTV (assista aqui)
Para magnata da imprensa, todos os jornais serão digitais dentro de 10 anos
Comentário de Ethevaldo Siqueira no site da CBN sobre o empresário Rupert Murdoch que acredita que dentro de 10 anos todos os jornais serão digitais.Siqueira lembra que a "nova" geração já não tem o hábito de ler jornais impressos. È bem curtinho e descontraído, vale a pena escutar.
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quarta-feira, 24 de junho de 2009
Pensamentos pós “A Festa da Menina Morta”
Antes que saísse de cartaz, fui assistir ao tão comentado “A Festa da Menina Morta”, estréia do ator Matheus Nachtergaele como diretor de longa-metragem. Confesso que o filme deixou muitas lacunas em minha cabeça. Não só na minha porque no final o público permaneceu por mais um tempo na sala como se ainda estivesse digerindo o excesso ou, talvez, ausência de elementos.
A obra trata de muitos assuntos simultaneamente e os questionamentos são inevitáveis. É um filme que toca em pilares como fé e família. A história se passa em uma comunidade ribeirinha do Alto Amazonas. Uma menina desaparece e um cachorro leva um pedaço de sua roupa suja de sangue para Santinho que acabara de perder sua mãe por suicídio. O fato é visto como um milagre a partir de então o “trapo” passa a ser considerado sagrado e o menino, como já mencionado em seu nome, um santo.
Oras, mas se a menina desapareceu, qual foi o milagre de Santinho¿ Ai está, o primeiro ponto delicado do filme, pois mostra a fé da população em um milagre que não existiu. E esse é o motivo de revolta do irmão da garota desaparecida, já que a comemoração custa somente a ele e a sua mãe a dor da perda. No entanto, as pessoas só pensam na festa e comemoram o dia do desaparecimento.
Outro ponto: dentro da precariedade em que vive, Santinho é tratado como um nobre. Porém, a população não sabe da intimidade do rapaz: ele mantém uma relação incestuosa com seu pai. Santinho representa o sagrado e o profano, mas seus devotos não reconhecem essas facetas. Isso demonstra que, muitas vezes, as pessoas não conhecem aquilo em que acreditam. Será que ele seria beatificado se seus adoradores soubessem dessa relação incestuosa¿ Provavelmente não, pois a família é um dos pilares da sociedade.
A vida de Santinho é uma grande farsa (ele é um personagem instável psicologicamente) e ao perceber isso, antes da vigésima “Festa da Menina Morta”, o rapaz entra em crise. Por inúmeros motivos ele percebe que está enganando seu povo e, por isso, diz em seu discurso (supostamente dito a ele pela menina morta) que “a palavra do ano é a dor”.
O filme mostra a necessidade de aquela população ribeirinha crer em algo maior, da mesma forma que encontramos centenas de crenças diferentes a cada esquina que dobramos - o mercado depende da demanda. Mas, “A Festa da Menina Morta” não é só isso, ele é angustiante e indigesto.
Para finalizar, não posso deixar de expor um pensamento maligno que tive durante o filme: o Inri Cristo, se é que ele vai ao cinema, deveria ver o longa. Quem sabe ele não perceba que, assim como Santinho, que “a palavra do ano é dor”. Pior do que mentir é persistir na mentira...
Entrevista de Matheus Nachtergaele para a revista Bravo, clique aqui
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Diplomados falam sobre a obrigatoriedade
Mais duas indicações sobre jornalismo e diploma. Desta vez são textos dos diplomados Bruno(Planta) e Renata. Acessem!
A hora e a vez dos jornalistas competentes - Entreditas
Jornalistas, diploma e o país do bacharel - Pós-texto
A hora e a vez dos jornalistas competentes - Entreditas
Jornalistas, diploma e o país do bacharel - Pós-texto
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quinta-feira, 18 de junho de 2009
Opiniões sobre a não obrigatoriedade
Para quem quer ler um pouco mais sobre a não obrigatoriedade do diploma de jornalismo aqui vão duas dicas. São textos de Alberto Dines e José Dirceu a respeito da polêmica.
Uma decisão danosa
Por Alberto Dines em 18/6/2009
Difícil avaliar o que é mais danoso: a crítica do presidente Lula à imprensa por conta das revelações sobre o comportamento do senador José Sarney (PMDB-AP) ou a decisão do Supremo Tribunal de eliminar a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. São casos diferentes, porém igualmente prejudiciais à fluência do processo informativo. E exibem a mesma tendência para o sofisma, a ilusão da lógica.
Leia em: Uma decisão danosa
O sentido real da campanha contra o diploma
Por José Dirceu em 18/6/2009
Sob a alegação de que o jornalismo é uma atividade diferenciada e vinculada à liberdade de expressão e informação, garantida pela Carta Magna do país, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou por oito votos a um a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão.
Leia em: O sentido real da campanha contra o diploma
Uma decisão danosa
Por Alberto Dines em 18/6/2009
Difícil avaliar o que é mais danoso: a crítica do presidente Lula à imprensa por conta das revelações sobre o comportamento do senador José Sarney (PMDB-AP) ou a decisão do Supremo Tribunal de eliminar a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. São casos diferentes, porém igualmente prejudiciais à fluência do processo informativo. E exibem a mesma tendência para o sofisma, a ilusão da lógica.
Leia em: Uma decisão danosa
O sentido real da campanha contra o diploma
Por José Dirceu em 18/6/2009
Sob a alegação de que o jornalismo é uma atividade diferenciada e vinculada à liberdade de expressão e informação, garantida pela Carta Magna do país, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou por oito votos a um a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão.
Leia em: O sentido real da campanha contra o diploma
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Jornalista: com diploma ou sem diploma?
Estava trabalhando agora a tarde e, de repente, entrei em crise existencial. Lí no Blog do Noblat que sete dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acham que o diploma não deve mais ser obrigatório para o execício da profissão de jornalista.
Oras, porque tanto espanto? Eu já sabia que mais ou menos dia isso ia acontecer! È que ao ler a notícia não pude deixar de me lembrar do esforço que fiz para passar no vestibular e, depois, os quatro anos que fiz de graduação. Tudo bem que a faculdade não foi só um diploma, mas pensamentos "egoistas" invadem minha mente e me fazem acreditar que o diploma teria que ser obrigatório.
Tudo bem que o jornalismo é aprendido mesmo na prática, mas com diploma já existe dificuldade em ingressar no mercado de trabalho, então imagine sem! Como mandar currículos e participar de seleções sem ter o "abençoado" diploma? A não obrigatoriedade é benéfica para quem já está no meio e não para aqueles, como eu, que decidiu um dia ser jornalista sem contatos ou os famosos QIs.
Olhem a opinião de Boris Casoy sobre o assunto. Já digo que discordo dele em vários pontos. Porém, concordo em outros e, por isso, resolvi coletivizar:
Casoy – Sou contra. Não há necessidade nenhuma de diploma. Veja, não sou pelo fechamento das escolas de comunicação. Muito pelo contrário, acho que devem ser melhoradas e muito. Podem formar profissionais muito melhores do que esses que estão sendo “atirados” ao mercado. Jornalismo as pessoas acabam aprendendo, elas acabam “forjando” sua profissão, dentro das redações. É o que continua acontecendo. Acho um atraso de vida essa obrigatoriedade de diploma. Isso cria uma reserva de mercado. Se as escolas são tão boas, certamente, aqueles que cursam terão uma preferência pela qualidade.
Jornalismo é profissão intelectual. Daqui a pouco vão propor a criação de um curso especial para escritor... isso é um horror: você propor que só pode escrever livros, oficialmente, quem tem diploma. Não tem lógica!
Lembrando que muitos jornalistas renomados não tem diploma. O próprio Bóris Casoy não tem. Ricardo Kotscho também não tem. Os caras são muito competentes, afinal diploma não tem nada a ver com competência. Mas a pergunta persiste: e eu, o que faço com o meu humilde diploma unespiano?
Leiam o post de hoje no Blog do Noblat: Maioria vota contra exigência de diploma para jornalista
Essa é de fevereiro, disponível no Portal Imprensa: União de Jornalistas Independentes luta por fim de diploma e registros provisórios
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terça-feira, 16 de junho de 2009
Água dura em garrafa mole....
Interessante essa matéria da Piauí. Vocês sabiam que muitos restaurantes nos EUA estão trocando a água mineral pela “torneral”? Isso mesmo, em alguns estabelecimentos, ao invés de ser vendida, a água é servida em jarras com ou sem gelo. Motivo? Contenção,já que nos EUA são gastos milhões de dólares com garrafas de água.
Para manter a sede de seus alunos saciada, a Universidade de Minnesota paga 180 mil dólares anualmente por garrafas de água. Algumas prefeituras aderiram à causa, entre elas a Chicago, Miami e Filadélfia.
Leia mais em Água dura em garrafa mole...
Para manter a sede de seus alunos saciada, a Universidade de Minnesota paga 180 mil dólares anualmente por garrafas de água. Algumas prefeituras aderiram à causa, entre elas a Chicago, Miami e Filadélfia.
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sexta-feira, 12 de junho de 2009
Gente, olha essa: Venezuela proíbe e recolhe a Coca Zero
Deu na folha de s.paulo
Venezuela proíbe e recolhe a Coca Zero
O "socialismo do século 21" na Venezuela proibiu a produção e a distribuição da mais nova versão da bebida do imperialismo, a Coca-Cola Zero.
A decisão, disse o governo de Hugo Chávez, deve-se ao fato de o refrigerante ter em sua fórmula um componente prejudicial à saúde dos venezuelanos.
Sem identificar exatamente o tal ingrediente, o ministro da Saúde anunciou um procedimento de inspeção que inclui o recolhimento dos refrigerantes desse tipo.
A empresa Coca-Cola Femsa, engarrafadora dos refrigerantes no país, anunciou que acatará a decisão do governo, embora tenha negado a presença de qualquer ingrediente insalubre em seu produto.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Petrobras anuncia mudança em divulgação de informações em blog
Blog da empresa divulga questionamentos da imprensa e respostas.
Material agora só será divulgado no dia da publicação de reportagem.
Leia mais em: Petrobras anuncia mudança em divulgação de informações em blog
Material agora só será divulgado no dia da publicação de reportagem.
Leia mais em: Petrobras anuncia mudança em divulgação de informações em blog
terça-feira, 9 de junho de 2009
Nunca um blog foi tão polêmico
A Petrobras teria criado o blog "Fatos e dados" para se defender, já que é alvo de uma CPI, que ainda não foi instalada devido ao impasse entre PT e PMDB (Aloizio Mercadante e Renan Calheiros) para a indicação dos nomes que preencherão os cargos de relator e presidente da comissão.
O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, justificou a criação do blog dizendo que é uma maneira de levar ao público informações sobre a empresa de forma transparente, provando, assim, que a CPI é vazia. A assessoria da petroleira também criou um perfil do blog no Twitter e em apenas três dias contabiliza mais de 800 seguidores.
No entanto, a Petrobras além de responder as matérias publicadas nos jornais e revistas, começou a antecipar a veiculação de conteúdo “alheio”. Dessa forma, entrevistas na íntegra passaram a ser postadas antes mesmo que os veículos publicassem as informações. Criou-se o caos na imprensa, afinal a atitude da estatal privou os jornalistas da exclusividade e do ineditismo.
Em entrevista ao programa Roda Viva (assista aqui), na segunda-feira (08), o presidente da Petrobras alegou que não falta ética por parte da Petrobras porque a informação é pública. Os jornalistas não discordam de que os dados são de conhecimento da esfera pública, mas afirmam que é uma questão de ética. Se uma entrevista foi solicitada cabe à empresa esperar a publicação para depois reproduzi-la e não antecipar a veiculação.
A comentarista política Dora Kramer comentou que agindo desta maneira, a Petrobras ao invés de se proteger, acaba denegrindo mais sua imagem, a qual já está abalada devido às suspeitas de irregularidades. Ela afirmou que “ingenuamente” a Petrobras está se afastando dos jornalistas, pois ninguém vai querer entrevistar uma fonte que se adianta na publicação do conteúdo e acaba desvalorizando a investigação jornalística.
Fala-se em censura, já que a petroleira é uma empresa pertencente ao Estado. Muitos acusam a Petrobras de intimidação, afinal aonde foi parar a liberdade de imprensa ou seria liberdade de empresa?
A CPI nem foi instalada e - se depender da base governista nem vai ser tão cedo - o caos já paira no ar. Ninguém pode afirmar como será essa guerra pela informação quando a investigação estiver em andamento. Na verdade o “Fatos e dados” tirou a CPI do centro das atenções, o foco agora é outro e a situação parece estar longe de ser resolvida.
Salve- se quem puder.
No blog Pós-texto, do Bruno Calixto (Planta) também há um texto sobre o assunto: Petrobras divulga perguntas de jornalistas em blog. Vale a pena conferir!
Nova Mídia altera o valor do conteúdo
Para quem se interessa pelo tema e quer ler mais sobre a relação entre as mídias digitais e o jornalismo aqui vai a dica de uma boa entrevista de Marcelo Coutinho (estudioso do impacto da tecnologia na economia e na comunicação) à Gazeta Mercantil. Está disponível no Conversa Afiada, site do jornalista Paulo Henrique Amorim.
Gazeta Mercantil - O senhor falou que o conteúdo continuará a ser um item muito importante no cenário que se desenha para o mercado da comunicação. Mas que tipo de conteúdo é esse que será valorado? Quais as perspectivas para a produção jornalística?
O conteúdo tem relevância na medida em que ele é uma moeda social. É o fato de ter acesso a um material interessante, diferente e reproduzi-lo em uma rede, que pode ser digital ou não - é preciso entender que há as redes sociais que não são digitais. As pessoas falam das redes sociais como se elas tivessem surgido com a internet. Mas a sociologia começou a estudá-las por volta de 1890. A novidade é que elas passaram a ser mensuráveis a partir da digitalização. Então, que conteúdo é importante? Claramente percebemos que é aquele que vai além da instantaneidade. De que me vale ver na capa de um jornal a seguinte manchete “Obama é eleito”. Não faz sentido. Vamos analisar o assunto por partes. Pense no jornalismo hard news (notícias factuais), que pode ter alto impacto, mas tem vida útil curta. Esse tipo de conteúdo será comercializado talvez por um grupo muito restrito de organizações internacionais com escala para uma produção global. Estamos falando de dois, talvez três grandes conglomerados. Esse tipo de produto vai morrer como suporte para comunicação publicitária, porque ninguém vai esperar 24 horas para ler a notícia num jornal. A hard news continuará importante, mas o valor percebido nela, no sentido de gerar um modelo de negócios, será cada vez menor. Minha impressão é que caminhamos para a valorização do conteúdo contextualizado. Assim, creio que teremos produtos de mídia na linha da The Economist, com análise e contextualização. Não acredito que as organizações de mídia terão um modelo economicamente viável baseado na exploração de hard news. Esse vai ser um jogo para duas ou três companhias globais, que fornecerão para todo mundo.
Leia mais em http://www.paulohenriqueamorim.com.br/index.php?s=impresso
Gazeta Mercantil - O senhor falou que o conteúdo continuará a ser um item muito importante no cenário que se desenha para o mercado da comunicação. Mas que tipo de conteúdo é esse que será valorado? Quais as perspectivas para a produção jornalística?
O conteúdo tem relevância na medida em que ele é uma moeda social. É o fato de ter acesso a um material interessante, diferente e reproduzi-lo em uma rede, que pode ser digital ou não - é preciso entender que há as redes sociais que não são digitais. As pessoas falam das redes sociais como se elas tivessem surgido com a internet. Mas a sociologia começou a estudá-las por volta de 1890. A novidade é que elas passaram a ser mensuráveis a partir da digitalização. Então, que conteúdo é importante? Claramente percebemos que é aquele que vai além da instantaneidade. De que me vale ver na capa de um jornal a seguinte manchete “Obama é eleito”. Não faz sentido. Vamos analisar o assunto por partes. Pense no jornalismo hard news (notícias factuais), que pode ter alto impacto, mas tem vida útil curta. Esse tipo de conteúdo será comercializado talvez por um grupo muito restrito de organizações internacionais com escala para uma produção global. Estamos falando de dois, talvez três grandes conglomerados. Esse tipo de produto vai morrer como suporte para comunicação publicitária, porque ninguém vai esperar 24 horas para ler a notícia num jornal. A hard news continuará importante, mas o valor percebido nela, no sentido de gerar um modelo de negócios, será cada vez menor. Minha impressão é que caminhamos para a valorização do conteúdo contextualizado. Assim, creio que teremos produtos de mídia na linha da The Economist, com análise e contextualização. Não acredito que as organizações de mídia terão um modelo economicamente viável baseado na exploração de hard news. Esse vai ser um jogo para duas ou três companhias globais, que fornecerão para todo mundo.
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segunda-feira, 8 de junho de 2009
O tráfico não dorme
São adolescentes de idade entre quinze e vinte anos. Durante o dia se revezam em turnos para que não falte atendimento à freguesia. Acordam cedo e vão para a labuta. Assim que chegam ao trabalho, o café da manhã logo é servido. O cardápio não é muito variado, mas sempre há pão, frios e suco de caixa (Del Valle) – o suficiente para agüentar até o horário do almoço, quando chegam as quentinhas.
O trabalho não oferece registro em carteira, benefícios, férias, horas extras ou banco de horas. Não exige esforço físico, mas é de alta periculosidade. O tráfico não dorme e é preciso estar atento, sempre.
O escritório é na rua. Ali, os garotos tomam café da manhã, almoçam e, acima de tudo, fazem negócios. É tudo a olho nú, apesar de tentarem ser discretos. Os carros são parados próximos à calçada – como se o motorista fosse pedir informações – e a mercadoria é vendida. As pessoas param e conversam para disfarçarem que são compradoras.
No trabalho há toda uma logística. As funções são atribuídas de maneira que cada empregado tenha uma responsabilidade: vendas, tesouraria, pedidos, olheiro, entre outras. As mercadorias são guardadas cuidadosamente em sacos de salgadinho e embalagens de cigarro que ficam no chão como se fossem lixo. Embalagens de plástico de M&M's também são muito úteis, pois cabem em qualquer buraco dos muros quebrados.
O serviço é 24 horas. A população sabe e se sente desconfortável e agredida. A polícia, apesar do largo horário de atendimento, não consegue flagrar o comércio. Ela é paga para isso, e esse honorário não é o governo quem paga, ou seja, é um trabalho “freelancer”.
O tráfico não para e os moradores não dormem. Para assistir a esse filme não é preciso ir ao cinema ou locar DVDs. Basta abrir a janela de casa ou sair na rua. É a verdade nua e crua.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
No reino de Tão Tão Distante
Os finais de semana em Perus são todos iguais. Geralmente as pessoas se deslocam para bairros vizinhos ou até o centro da cidade buscando diversão. Para aqueles que preferem ficar ou, por algum motivo, não podem se deslocar para outros lugares não restam muitas alternativas.
A moda em Perus, sem dúvida, é o funk. É possível encontrar um adolescente escutando o ritmo, em mp3 e celulares, praticamente a cada passo dado na rua. Escutam e cantam empolgadamente: “Onde as novinhas rebola e desce até o chão/ Salgueiro é o caldeirão/ Salgueiro é o caldeirão/ Salgueiro é o caldeirão/ Elas desce e remexe a cadeira/ A cadeira e rebola” (Mc Ombrinho e Menor do Chapa).
Nas escolas predominam os bondes ou famílias. Pelo que sei os bondes são menores que as famílias. Só pode pertencer a um grupo quem for convidado e se comprometer a seguir algumas regras, como se fosse um estatuto. Por aqui são muitos bondes e famílias com nomes e lemas muito diferenciados e criativos: Bonde dos solteiros – Solteiro sim, sozinho nunca; Família Noturna – Ou corre com “nóis” ou corre de “nóis”, Família Pikadilha – Família grande e complicada e Família Pão com Ovo – Mexeu com “nóis” ta frito. Camisetas e bonés identificam cada grupo, os quais muitas vezes se enfrentam porque “mexeu com um, mexeu com família toda”.
Sem opções de lazer, famílias, bondes, pagodeiros, roqueiros e uma infinidade de estilos, como se fossem cardumes, se reúnem na Praça Inácia Dias nos finais de semana. Já na sexta-feira a noite é possível notar a grande concentração de pessoas desde a escadaria da estação ferroviária. Ao redor da praça carros estacionados tocam, na maioria das vezes, funk e pagode. Pastel, cachorro quente, cerveja e afins fazem parte do cardápio da noite. A rua vira banheiro público e o cheiro de urina se torna insuportável.
No entanto, sábado quando cheguei em Perus me surpreendi e me decepcionei ao mesmo tempo. Já da catraca de saída da estação enxerguei um telão bem no meio da praça. O filme era “Meu nome não é Johnny” e a plateia era quase ninguém. Poxa, onde estava toda aquela gente que fica ali nos finais de semana? Por isso, surpreendente e entristecedor ao mesmo tempo.
Muitos comentavam o “absurdo”. Como assim passar um filme na praça! Foge totalmente da normalidade! È a oportunidade de lazer para muitos que nunca foram ao cinema escapando por entre os dedos. Mas o que fazer, afinal não se pode forçar ninguém a fazer uma coisa que não queira. Por isso, apesar de ter crescido aqui a periferia, muitas vezes, me parece estranha, impenetrável e muito rica ao mesmo tempo. A diversidade é imensa, são muitos valores convivendo em um só espaço.
Fiquei pensando nisso. Queria que muitos tivessem visto o filme. Cheguei em casa e fui baixar “Meu nome não é Johnny” já que eu também não havia assistido, ou melhor, ainda não assisti porque trabalhei hoje (sim, trabalhei em pleno domingo). Acho que na próxima semana não vai ter cinema ao ar livre e, com certeza, a praça vai estar lotada. A situação é, no mínimo, curiosa.
A moda em Perus, sem dúvida, é o funk. É possível encontrar um adolescente escutando o ritmo, em mp3 e celulares, praticamente a cada passo dado na rua. Escutam e cantam empolgadamente: “Onde as novinhas rebola e desce até o chão/ Salgueiro é o caldeirão/ Salgueiro é o caldeirão/ Salgueiro é o caldeirão/ Elas desce e remexe a cadeira/ A cadeira e rebola” (Mc Ombrinho e Menor do Chapa).
Nas escolas predominam os bondes ou famílias. Pelo que sei os bondes são menores que as famílias. Só pode pertencer a um grupo quem for convidado e se comprometer a seguir algumas regras, como se fosse um estatuto. Por aqui são muitos bondes e famílias com nomes e lemas muito diferenciados e criativos: Bonde dos solteiros – Solteiro sim, sozinho nunca; Família Noturna – Ou corre com “nóis” ou corre de “nóis”, Família Pikadilha – Família grande e complicada e Família Pão com Ovo – Mexeu com “nóis” ta frito. Camisetas e bonés identificam cada grupo, os quais muitas vezes se enfrentam porque “mexeu com um, mexeu com família toda”.
Sem opções de lazer, famílias, bondes, pagodeiros, roqueiros e uma infinidade de estilos, como se fossem cardumes, se reúnem na Praça Inácia Dias nos finais de semana. Já na sexta-feira a noite é possível notar a grande concentração de pessoas desde a escadaria da estação ferroviária. Ao redor da praça carros estacionados tocam, na maioria das vezes, funk e pagode. Pastel, cachorro quente, cerveja e afins fazem parte do cardápio da noite. A rua vira banheiro público e o cheiro de urina se torna insuportável.
No entanto, sábado quando cheguei em Perus me surpreendi e me decepcionei ao mesmo tempo. Já da catraca de saída da estação enxerguei um telão bem no meio da praça. O filme era “Meu nome não é Johnny” e a plateia era quase ninguém. Poxa, onde estava toda aquela gente que fica ali nos finais de semana? Por isso, surpreendente e entristecedor ao mesmo tempo.
Muitos comentavam o “absurdo”. Como assim passar um filme na praça! Foge totalmente da normalidade! È a oportunidade de lazer para muitos que nunca foram ao cinema escapando por entre os dedos. Mas o que fazer, afinal não se pode forçar ninguém a fazer uma coisa que não queira. Por isso, apesar de ter crescido aqui a periferia, muitas vezes, me parece estranha, impenetrável e muito rica ao mesmo tempo. A diversidade é imensa, são muitos valores convivendo em um só espaço.
Fiquei pensando nisso. Queria que muitos tivessem visto o filme. Cheguei em casa e fui baixar “Meu nome não é Johnny” já que eu também não havia assistido, ou melhor, ainda não assisti porque trabalhei hoje (sim, trabalhei em pleno domingo). Acho que na próxima semana não vai ter cinema ao ar livre e, com certeza, a praça vai estar lotada. A situação é, no mínimo, curiosa.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
A polêmica relação entre jornalismo e internet
Deixo aqui mais dois textos sobre o possível fim da mídia impressa. Segue o link de Jornalismo e internet podem conviver juntos, de Bruno Calixto disponível em http://postexto.wordpress.com/.Acessem e lá descobrirão outros ótimos textos.
Ainda ontem ví no site da Folha de São Paulo um texto dentro da temática, escrito por Fernando Canzian, que muito me chamou atenção. Vou disponibilizá-lo aqui na íntegra e espero que gostem , aproveitem e discutam....coletivamente!!
Jornais em crise? Ande de avião
DE NOVA YORK - Na semana passada, o Comitê Nacional de Transportes dos EUA realizou audiência sobre a queda de um avião em 12 de fevereiro passado em Buffalo (NY). A tragédia matou 49 pessoas a bordo e mais uma em terra.
Em questão de horas, dois dos melhores jornais norte-americanos, o "The New York Times" e o "The Wall Street Journal", trouxeram à tona histórias sinistras sobre como as empresas aéreas no país deceparam custos. A ponto de comprometer a segurança dos que voam muito em um país continental como os EUA.
A copiloto do avião que se espatifou em Buffalo havia passado a noite inteira viajando em uma poltrona comum da Costa Oeste dos EUA para Newark, ao lado de Nova York (sua base). Ao chegar, assumiu pela manhã a segunda posição de comando no voo.
Já o piloto, investigou o "WSJ", havia omitido duas vezes de sua ficha de contratação o fato de ter falhado em voos simulados em casos de emergência. Detalhe: as falhas ocorreram em situação idêntica à que provocou a queda do avião.
Um dia depois, o "NYT" trouxe outros casos. Outro piloto regional comprou um carro velho, que quase não anda, para deixar estacionado na garagem de sua "base" de voos, a centenas de quilômetros de sua cama e família, do outro lado do país.
Ele usa o carro para tirar cochilos. Assim como vários outros que dividem quartos de US$ 200/mês de famílias próximas a aeroportos para ter um "crash pad" (um lugar macio para cair), onde podem descansar por algumas horas.
Uma tabelinha simples e didática na capa do "NYT" mostrou que um capitão com mais de 40 anos de idade e com dez anos ou mais de experiência tem salário médio de US$ 5,8 mil/mês sem qualquer benefício. Seu copiloto, US$ 2,7 mil. Nos EUA, são remunerações chocantes para o tipo de função.
Muitos desses pilotos, ficamos sabendo pelos jornais, têm em média só 8h30min por dia para chegar a um hotel, trocar de roupa, dormir, levantar e estar prontos para um novo voo.
Nos EUA, há uma discussão enorme sobre a chamada "crise dos jornais", traduzida em queda de circulação, receita e dívidas. Há um mês, o "NYT", por exemplo, entrou em acordo com seus jornalistas e cortou salários em 5% neste ano para evitar demissões. Ameaçou ainda fechar o "Boston Globe", do qual é dono, se um acordo parecido não fosse aceito.
Além de muitos problemas exclusivos de má gestão nos jornais americanos, fala-se também em necessidade de "reinvenção". Isso seria necessário por causa da massificação da internet, com seus milhões de blogs e opiniões para todos os gostos.
Opinião, todo mundo tem. Mas é preciso 1.300 jornalistas para se fazer um produto com a qualidade do "NYT" e levantar histórias como as acima enquanto se acompanha também ao vivo guerras no Iraque e no Afeganistão, o fim da guerra civil no Sri Lanka e as enchentes no Maranhão.
Devido à importância que se dá para o setor nos EUA, o Congresso norte-americano começa a se debruçar mais uma vez sobre o tema, a exemplo do que ocorreu em uma crise de menores proporções na década de 1970.
A partir dali, o chamado Newspaper Preservation Act permite que dois ou mais jornais competindo numa mesma região formem uma espécie de cartel, com preços de assinaturas e anúncios idênticos --desde que suas redações continuem independentes. A ideia é evitar o canibalismo entre as duas empresas já em crise.
Enquanto os parlamentares discutem outras medidas para preservar o setor, os próprios jornais vão repensando ações passadas. O "NYT", por exemplo, já considera voltar a cobrar pelo seu conteúdo disponível na internet (a exemplo do que faz o "WSJ", com quase 1 milhão de pagantes).
Alguns jornais também se reuniram para criar equipamentos portáteis que permitem a leitura online de seus conteúdos em uma tela maior do que a de um computador, o que facilitaria também a venda de anúncios para esse tipo de mídia.
Mas, embora o mercado de jornais impressos nos EUA venha encolhendo, ele é ainda gigantesco. Apenas os três maiores, "USA Today", "NYT" e "WSJ", têm circulação conjunta de mais de 5 milhões de exemplares. Além disso, a procura por seu conteúdo na internet aumenta rapidamente.
No Brasil, se somarmos todos os grandes jornais nacionais e regionais não chegaremos à metade da circulação dos três maiores norte-americanos. Além disso, ao contrário dos países avançados, a circulação dos jornais brasileiros cresceu nos últimos anos.
E tem ainda uma larga avenida pela frente à medida em que aumentar a renda da população.
Ainda ontem ví no site da Folha de São Paulo um texto dentro da temática, escrito por Fernando Canzian, que muito me chamou atenção. Vou disponibilizá-lo aqui na íntegra e espero que gostem , aproveitem e discutam....coletivamente!!
Jornais em crise? Ande de avião
DE NOVA YORK - Na semana passada, o Comitê Nacional de Transportes dos EUA realizou audiência sobre a queda de um avião em 12 de fevereiro passado em Buffalo (NY). A tragédia matou 49 pessoas a bordo e mais uma em terra.
Em questão de horas, dois dos melhores jornais norte-americanos, o "The New York Times" e o "The Wall Street Journal", trouxeram à tona histórias sinistras sobre como as empresas aéreas no país deceparam custos. A ponto de comprometer a segurança dos que voam muito em um país continental como os EUA.
A copiloto do avião que se espatifou em Buffalo havia passado a noite inteira viajando em uma poltrona comum da Costa Oeste dos EUA para Newark, ao lado de Nova York (sua base). Ao chegar, assumiu pela manhã a segunda posição de comando no voo.
Já o piloto, investigou o "WSJ", havia omitido duas vezes de sua ficha de contratação o fato de ter falhado em voos simulados em casos de emergência. Detalhe: as falhas ocorreram em situação idêntica à que provocou a queda do avião.
Um dia depois, o "NYT" trouxe outros casos. Outro piloto regional comprou um carro velho, que quase não anda, para deixar estacionado na garagem de sua "base" de voos, a centenas de quilômetros de sua cama e família, do outro lado do país.
Ele usa o carro para tirar cochilos. Assim como vários outros que dividem quartos de US$ 200/mês de famílias próximas a aeroportos para ter um "crash pad" (um lugar macio para cair), onde podem descansar por algumas horas.
Uma tabelinha simples e didática na capa do "NYT" mostrou que um capitão com mais de 40 anos de idade e com dez anos ou mais de experiência tem salário médio de US$ 5,8 mil/mês sem qualquer benefício. Seu copiloto, US$ 2,7 mil. Nos EUA, são remunerações chocantes para o tipo de função.
Muitos desses pilotos, ficamos sabendo pelos jornais, têm em média só 8h30min por dia para chegar a um hotel, trocar de roupa, dormir, levantar e estar prontos para um novo voo.
Nos EUA, há uma discussão enorme sobre a chamada "crise dos jornais", traduzida em queda de circulação, receita e dívidas. Há um mês, o "NYT", por exemplo, entrou em acordo com seus jornalistas e cortou salários em 5% neste ano para evitar demissões. Ameaçou ainda fechar o "Boston Globe", do qual é dono, se um acordo parecido não fosse aceito.
Além de muitos problemas exclusivos de má gestão nos jornais americanos, fala-se também em necessidade de "reinvenção". Isso seria necessário por causa da massificação da internet, com seus milhões de blogs e opiniões para todos os gostos.
Opinião, todo mundo tem. Mas é preciso 1.300 jornalistas para se fazer um produto com a qualidade do "NYT" e levantar histórias como as acima enquanto se acompanha também ao vivo guerras no Iraque e no Afeganistão, o fim da guerra civil no Sri Lanka e as enchentes no Maranhão.
Devido à importância que se dá para o setor nos EUA, o Congresso norte-americano começa a se debruçar mais uma vez sobre o tema, a exemplo do que ocorreu em uma crise de menores proporções na década de 1970.
A partir dali, o chamado Newspaper Preservation Act permite que dois ou mais jornais competindo numa mesma região formem uma espécie de cartel, com preços de assinaturas e anúncios idênticos --desde que suas redações continuem independentes. A ideia é evitar o canibalismo entre as duas empresas já em crise.
Enquanto os parlamentares discutem outras medidas para preservar o setor, os próprios jornais vão repensando ações passadas. O "NYT", por exemplo, já considera voltar a cobrar pelo seu conteúdo disponível na internet (a exemplo do que faz o "WSJ", com quase 1 milhão de pagantes).
Alguns jornais também se reuniram para criar equipamentos portáteis que permitem a leitura online de seus conteúdos em uma tela maior do que a de um computador, o que facilitaria também a venda de anúncios para esse tipo de mídia.
Mas, embora o mercado de jornais impressos nos EUA venha encolhendo, ele é ainda gigantesco. Apenas os três maiores, "USA Today", "NYT" e "WSJ", têm circulação conjunta de mais de 5 milhões de exemplares. Além disso, a procura por seu conteúdo na internet aumenta rapidamente.
No Brasil, se somarmos todos os grandes jornais nacionais e regionais não chegaremos à metade da circulação dos três maiores norte-americanos. Além disso, ao contrário dos países avançados, a circulação dos jornais brasileiros cresceu nos últimos anos.
E tem ainda uma larga avenida pela frente à medida em que aumentar a renda da população.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Questão de hábito?
Ainda em tempo. O programa Debate MTV ( assista aqui) foi ao ar na terça-feira, 19/05, mas só agora pude sentar para escrever algo. O tema do dia era “A mídia impressa vai acabar?”. Sentados à mesa estavam o apresentador Lobão e seus convidados: Marcelo Tas (o professor Tibúrcio e apresentador do CQC), Marcello Ghigonetto (jornalista/ relações públicas e colaborador do Blog da Comunicação), Matsuo Oko (diretor de arte da revista My Wave), Cláudio Tognolli (jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes – USP), Pablo Miyazawa (editor da Rolling Stone) e Luciano Martins (do site Observatório da Imprensa)
O programa foi muito bom e a discussão calorosa. Opiniões divergentes vieram à tona e como um bom debate, o programa terminou, porém não teve um ponto final. Foram deixadas pelos participantes e, também, pelo público várias reticências.
Marcelo Tas, a “celebridade” do Twitter, confessou ser amante da mídia impressa. Atento as novas tecnologias, Tas diz gostar de ver os livros envelhecerem em sua estante. Para o jornalista, o momento hoje é de transição: “Somos a geração que está discutindo os meios, estamos no meio da transformação. Mas, independente do meio, internet, papel, celular, o que o leitor quer é uma boa história”.
Quando questionado o perfil do jornalista contemporâneo, finalmente, chegou-se a um consenso na mesa, já que todos concordaram que os cursos de Jornalismo atuais preparam alunos de maneira híbrida. “Quando saem da faculdade eles (os alunos) estão prontos para trabalharem em diferentes segmentos, seja em um jornal ou em um site”, disse o professor Cláudio Tognolli.
Concordo com a afirmação colocada de que a mídia impressa não irá acabar porque ainda há o hábito da leitura em papel. Por mais que o conteúdo de um jornal seja oferecido na internet e eu possa acessá-lo de dentro de casa, ainda prefiro sujar os dedos folheando o diário de minha preferência. Acho que sou, como disse Marcelo Tas, “da antiga” porque um livro só está completo se o sinto em minhas mãos, faz parte da leitura.
Diferentes são os blogs, criados para essa atmosfera alucinante que é a internet. Talvez, a sensação de vazio não exista porque nunca pude pegar um blog nas mãos. Pode parecer louco, mas para mim a dificuldade de transição entre os veículos impressos e digitais se resume, entre tantos fatores, ao tato.
Mais um ponto: discutiu-se o fim da mídia impressa, mas não foi colocado em pauta que parte da população brasileira ainda é excluída digitalmente. Um bom motivo para acreditarmos que os impressos terão vida longa. No entanto, essa é uma questão que atinge a esfera das políticas públicas. Deixemo-las para outra ocasião.
Enfim, a discussão sobre o tema é infinita. Resultado foi positivo, afinal a função do debate é a troca de opiniões. A única crítica fica para o mediador Lobão, que apesar de contribuir com excelentes comentários, se mostrou um pouco afoito e, por muitas vezes, interrompeu os convidados.
Para finalizar, uma última pergunta: como ficarão os gibis da Turma da Mônica (aprendi a ler com eles), que tanto adoro, se a mídia impressa acabar? Prefiro não pensar! (rs)
terça-feira, 19 de maio de 2009
Além dos gramados
No último domingo, o Esporte Espetacular mostrou uma reportagem muito interessante sobre boxe, uma vez que a falta de fiscalização e investimentos agrava a cada dia a situação de descaso em que o esporte se encontra.
Longe de ser a preferência nacional, o boxe está nas mãos de empresários e patrocinadores que pouco se importam com as condições físicas dos atletas. Na maioria das vezes, os esportistas são obrigados a conciliar o pugilismo com outra atividade remunerada para que possam se sustentar. Péssimas condições de treino, má alimentação e muito trabalho fazem parte da rotina dos “anônimos” boxeadores.
A reportagem denunciou o fato de muitos atletas desrespeitarem o período de afastamento estipulado pela Confederação Brasileira de Boxe (CBB) após derrota por nocaute. Segundo o regulamento, o pugilista deve ficar sem treinar e lutar com luvas por, no mínimo, sessenta dias (Cap XXIII – Artigo 133 – 1 Nocaute), período necessário para a recuperação de possíveis lesões no cérebro afastando o risco de morte no ringue.
No entanto, a norma não é respeitada e muitos boxeadores voltam a competir pouco tempo (as vezes apenas trinta dias) após o nocaute. Alguns deles colecionam uma carreira de derrotas e, mesmo assim, não param de lutar. Um bom exemplo é do pugilista José Cláudio da Silva que não vence há 12 anos e já desrespeitou duas vezes o período de afastamento.
A situação decorre da ausência de inspeção, já que a CBB permite a criação de pequenas ligas de boxe, mas não dá conta de supervisioná-las. O ministro dos esportes, Orlando Silva, em entrevista ao Globo Esporte de segunda-feira, reconheceu a gravidade da denúncia e prometeu não só analisar a questão, mas também solucioná-la o mais rápido possível.
Mesmo no futebol, para o qual atenções estão sempre voltadas, as categorias de base passam por dificuldades financeiras e organizacionais. Porém, é preciso também estar atento as demais modalidades esportivas.
Longe de ser a preferência nacional, o boxe está nas mãos de empresários e patrocinadores que pouco se importam com as condições físicas dos atletas. Na maioria das vezes, os esportistas são obrigados a conciliar o pugilismo com outra atividade remunerada para que possam se sustentar. Péssimas condições de treino, má alimentação e muito trabalho fazem parte da rotina dos “anônimos” boxeadores.
A reportagem denunciou o fato de muitos atletas desrespeitarem o período de afastamento estipulado pela Confederação Brasileira de Boxe (CBB) após derrota por nocaute. Segundo o regulamento, o pugilista deve ficar sem treinar e lutar com luvas por, no mínimo, sessenta dias (Cap XXIII – Artigo 133 – 1 Nocaute), período necessário para a recuperação de possíveis lesões no cérebro afastando o risco de morte no ringue.
No entanto, a norma não é respeitada e muitos boxeadores voltam a competir pouco tempo (as vezes apenas trinta dias) após o nocaute. Alguns deles colecionam uma carreira de derrotas e, mesmo assim, não param de lutar. Um bom exemplo é do pugilista José Cláudio da Silva que não vence há 12 anos e já desrespeitou duas vezes o período de afastamento.
A situação decorre da ausência de inspeção, já que a CBB permite a criação de pequenas ligas de boxe, mas não dá conta de supervisioná-las. O ministro dos esportes, Orlando Silva, em entrevista ao Globo Esporte de segunda-feira, reconheceu a gravidade da denúncia e prometeu não só analisar a questão, mas também solucioná-la o mais rápido possível.
Mesmo no futebol, para o qual atenções estão sempre voltadas, as categorias de base passam por dificuldades financeiras e organizacionais. Porém, é preciso também estar atento as demais modalidades esportivas.
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domingo, 17 de maio de 2009
Nem vem que não tem
O horário da sessão era às 20h50. Cheguei um pouco mais cedo, pois aos sábados os shoppings lotam e os ingressos de cinema são disputados pelo público. A fila estava enorme, porém quando entrei na sala tive uma surpresa: não havia ninguém!
Em cartaz estava o recém lançado documentário “Simonal - Ninguém sabe o duro que dei”, dirigido pelo casseta Cláudio Manuel, Micael Langer e Clavito Leal. O documentário traz à tona a ascensão de decadência da carreira do cantor Wilson Simonal. Para assisti-lo, apenas dez pessoas em meio a tantas poltronas.
A pergunta que não quer calar: porque a ausência de público? Fácil, muito fácil, já que as salas vizinhas estavam exibindo “X-Men – Origens: Wolverine” (personagem do australiano Hugh Jackman) e o lançamento “Anjos e Demônios”, o qual antes mesmo de ser assistido já conquistou os fãs de O Código da Vinci, também do autor Dan Brown.
Afinal, quem foi Wilson Simonal? A que geração interessa saber sobre sua história? É triste pensar que falta interesse pela memória da música nacional. Os espectadores de “Simonal - Ninguém sabe o duro que dei”, em linhas gerais, são apreciadores de Simonal, idosos ou jovens que por algum motivo (talvez até pelo trabalho de seus filhos Max de Castro e Wilson Simoninha tiveram interesse de assisti-lo. Acho que, por isso, naquela sessão foi possível contar o público apenas com os dedos das mãos.
Sobre o documentário
“Simonal - Ninguém sabe o duro que dei” não veio para inocentar ou culpar Wilson Simonal. O documentário conta a trajetória do cantor que atingiu seu apogeu entre os anos 60 e 70 e foi visto como um fenômeno musical.
Talentoso, pobre e negro, Simonal teve que afrontar uma sociedade ainda calcada no preconceito racial e, inclusive compôs a canção "Tributo a Martin Luther King". Ele conseguiu, fez sucesso no Brasil e no exterior, porém tropeçou no próprio sucesso.
Devido a um episódio, ainda não esclarecido, levou a carreira de Simonal à tona. Após um desentendimento, o ex-contador do cantor foi levado e espancado no prédio do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social).
A partir de então, Wilson Simonal passou a ser visto pela mídia e pelos artistas como colaborador do regime militar. Acusado de delação foi processado criminalmente e seus discos foram retirados do mercado fonográfico. O nome do cantor foi encoberto pela história.
O documentário traz depoimentos de nomes como Chico Anisyo, Jaguar, Tony Tornado, Ziraldo, Miele, Nelson Motta, Max de Castro e Wilson Simoninha. Raphael Viviani (o ex-contador) também pode contar a sua versão do fato.
Simonal faleceu em 2000, vítima de uma cirrose hepática decorrente do alcoolismo. Ao término do filme, a dúvida persiste. Afinal, quem realmente foi Wilson Simonal?
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sexta-feira, 15 de maio de 2009
Um tanto quanto curioso
Quando lí o livro “Estrela Solitária”, a biografia de Mané Garrincha, escrito por Ruy Castro, senti muitas angústias como se eu pudesse mudar a história de vida de alguém. O rapaz nascido na cidade de Pau Grande, no Rio de Janeiro, talentoso ao extremo, tinha sucesso e dinheiro ao seu alcance, porém chegou a beira da falência.
Bebida, mulheres, carros, ausência nos treinos e resistência ao tratamento do joelho que tanto lhe incomodava. A carreira de Garrincha, apesar da excelência de seu futebol, foi composta de altos e baixos.
Esta semana acabei de ler a biografia do Tim Maia, escrita pelo seu amigo Nelson Motta. Apesar das diferenças entre Tim e Garrincha, um cantor e gordo, outro jogador de futebol e magro, diversas vezes encontrei inúmeras semelhanças.
À exemplo de Garrincha, o talento de Tim Maia não foi o suficiente para lhe garantir uma vida estável. Auto-intitulado “gordo, preto e cafajeste”, Tim Maia também se dizia atleta. Seu esporte favorito era o triathlon: uísque, maconha e cocaína. O uso demasiado lhe tirou a voz inúmeras vezes e o cantor, fatigado pelas noitadas esportivas, não comparecia aos shows. Garrincha bebia e não ia aos treinos.
Havia, também, uma forte resistência à medicina: aos 54 anos, Tim jamais havia consultado um médico em sua vida adulta. A primeira vez foi em 1996, quando teve uma inflamação nos testículo e correu o risco de perdê-los. O "anjo das pernas tortas" resistia às dolorosas infiltrações que recebia em seus joelhos e abandonava o tratamento.
Outro ponto convergente - mulheres. Tim e Garrincha eram loucos por um “rabo de saia” e tiveram muitos casos extraconjugais. Ambos foram pais ausentes: Telmo, filho de Tim, foi criado pela tia e Garrincha teve 15 filhos reconhecidos, nem mesmo chegou a conhecer todos.
Impressionei-me e, mais uma vez, esqueci de que estava lendo uma biografia e queria mudar o “final (in)feliz”. Dois gênios, duas histórias, dois cariocas, dois ídolos, duas carreiras (para o Tim Maia bem mais que duas – rs!), duas mortes consequentes de duas vidas boêmias e muitas coincidências.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
“Grandes Pequeninos”, música para pais e filhos
Por falar em criança, Jair Oliveira lançou um livro-cd voltado para o público infantil. O projeto intitulado “Grandes Pequeninos” é composto por doze faixas, todas de autoria do cantor, que tratam das dificuldades enfrentas pelos pais de primeira viagem. O lançamento foi no último sábado, 09/05, na Saraiva Megastore do Shopping Ibirapuera.
“Cadê o manual?”, segunda faixa do cd, explicita a angústia de situações cotidianas, mas que a primeira vista são assustadoras como, por exemplo, troca de fraldas, choro e soluços. Nesse momento de descobertas, mais fácil seria que os bebês viessem acompanhados de manuais de instruções, por isso o nome da canção.
O trabalho foi idealizado após o nascimento de Isabela (1 ano e 7 meses), filha de Jair e da atriz Tânia Khallil. Além do casal, participam do cd Luciana Mello, Max de Castro, Simoninha, Pedro Camargo Mariano, João Suplicy, entre outros cantores. Futuramente, o projeto pode se tornar um espetáculo teatral acompanhado de novas músicas sobre as diversas fases da infância.
Assim como “Pequeno Cidadão”, projeto de Arnaldo Antunes, Edgar Scandurra, Antonio Pinto e Taciana Barros, “Grandes Pequeninos” é música feita por adultos especialmente para crianças. Totalmente diferente de outros cantores que embalam “hits” infantis nada inocentes. Para a garotada fã de Kelly Key e Mulher Melancia pode parecer chato, careta.
Escute as faixas em www.grandespequeninos.com.br
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terça-feira, 12 de maio de 2009
Música para criança
Pequeno Cidadão é o nome do projeto que reúne músicas infantis desenvolvido por Arnaldo Antunes, Edgar Scandurra, Antonio Pinto e Taciana Barros. O lançamento do cd foi no último sábado, 09/05, no SESC Pompéia. No repertório, letras sobre sapo boi, futebol na escola, lagartixa, chupeta e outros temas ligados ao universo das crianças.
Além dos músicos, a banda é composta por “pequenos cidadãos” que se revezam nos vocais. Bolas, lagartixas gigantes e acrobacias fazem parte do espetáculo que faz a criançada vibrar. Ao final, os pequeninos são convidados a subir no palco e, para a surpresa de muitos pais, dançam desacanhados.
As canções são inspiradas nos filhos dos músicos, na experiência da paternidade e, sobretudo, em lembranças da infância. Destaque para a música “O Sol e a Lua” que fala sobre um possível romance entre os dois astros. Vale ouvir e apresentar às crianças, o ritmo vai do rock ao samba. É música genuinamente infantil.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Episódios que lembram outros episódios
Escrevendo sobre a Virada Cultural, lembrei-me de um outro episódio: há dois meses atrás fui ao show do Max de Castro do cubano Yaniel Matos no Sesc Pompéia. Como de costume, fomos andando até a Lapa, onde uns pegam ônibus e outros, trem. Já estava chegando na estação, mais exatamente passando ao lado do Mercado Municipal da Lapa, quando percebi que alguém me seguia.
Tarde demais, o rapaz pediu dinheiro, celular e tudo que fosse de valor. Fiquei perplexa olhando, mas Rafael (que havia sido assaltado há menos de um mês) entregou-lhe parte de seu dinheiro. Transtornado, o moço gritou que queria tudo e colocou a mão dentro da bermuda. Assustamos, achamos que estava armando e Rafael deu-lhe o resto do dinheiro e o celular.
Eu continuava sem reação até que comecei a procurar os únicos dois reais e sessenta centavos que tinha carteira. Nessa hora o ladrão gritou:
- Não precisa mais não. Tá bom esse aqui, esse celular nem quero, toma de volta. Me desculpe, mas é a droga que faz isso com a cabeça da gente. Só Jesus pode me salvar! Desculpe...
Foi a primeira vez que vi um ladrão pedir desculpas ao assaltado. Ele não estava drogado, na verdade estava tão careta ao ponto de parecer um louco em um momento de crise. Demência total.
Demos as costas e mais uma vez ele nos chamou. Desta vez, era para nos oferecer dinheiro para ir embora.
- Quatro reais tá bom?
- Sim, dá pra gente ir.
Assim fomos embora pensando no episódio, indignados. Afinal, que ladrão era esse? Foi um excêntrico assalto!
Tarde demais, o rapaz pediu dinheiro, celular e tudo que fosse de valor. Fiquei perplexa olhando, mas Rafael (que havia sido assaltado há menos de um mês) entregou-lhe parte de seu dinheiro. Transtornado, o moço gritou que queria tudo e colocou a mão dentro da bermuda. Assustamos, achamos que estava armando e Rafael deu-lhe o resto do dinheiro e o celular.
Eu continuava sem reação até que comecei a procurar os únicos dois reais e sessenta centavos que tinha carteira. Nessa hora o ladrão gritou:
- Não precisa mais não. Tá bom esse aqui, esse celular nem quero, toma de volta. Me desculpe, mas é a droga que faz isso com a cabeça da gente. Só Jesus pode me salvar! Desculpe...
Foi a primeira vez que vi um ladrão pedir desculpas ao assaltado. Ele não estava drogado, na verdade estava tão careta ao ponto de parecer um louco em um momento de crise. Demência total.
Demos as costas e mais uma vez ele nos chamou. Desta vez, era para nos oferecer dinheiro para ir embora.
- Quatro reais tá bom?
- Sim, dá pra gente ir.
Assim fomos embora pensando no episódio, indignados. Afinal, que ladrão era esse? Foi um excêntrico assalto!
Revirada Cultural
Depois de um 21 horas de Virada Cultural e apenas 3 de sono era tempo de voltar para a casa. Todos estavam muito felizes, porém cansados. O show da Maria Rita havia sido muito bom, o reencontro com os amigos, melhor ainda. Além disso, havia os corintianos, campeões paulistas que ainda estavam exaltados de tanta alegria após 3 horas do término do jogo.
A sujeira e o cheiro de urina já pareciam estar incorporados às ruas de São Paulo. Todos caminhavam no mesmo sentindo, afinal era preciso chegar até as estações de metrô para chegar em casa a tempo de ver ouvir a música do Fantástico e ter certeza de que o domingo havia acabado.
Estávamos na Avenida São João, era um mar de gente e, por isso, resolvemos esperar um pouco. Depois fomos caminhando calmamente até a Estação da Luz. Conversávamos e ríamos muito alto até que uma briga chamou nossa atenção. Uma mulher encostava uma criança na parede e dava-lhe muitos socos. A menina, vestida com uma roupa muito suja e bem maior que seu corpo reagia. Conseguiu fugir e pegou um pedaço de caixote que estava na calçada.
- Vem aqui sua vaquinha, vem aqui com essa tábua que enfio esse prego na sua cara. Rasgo sua cara inteira, sua trombadinha – gritava a mulher.
A criança se mostrava assustada, porém não parava de afrontar a moça e jogou para cima dela o pedaço de pau.
- Vem aqui sua trombadinha. Eu sou macaca velha, agora você vem querendo me roubar. O que você quer é dinheiro para fumar crack, sua biscatinha! Eu tô ligada! – gritou novamente a mulher.
Correndo, a menina fugiu assustada. Estávamos logo atrás dela e ela nos olhava como se fossemos reagir a um assalto que não havia acontecido conosco. Ela seguiu até a Estação da Luz, onde a perdemos de vista. Ninguém disse nada, mas por um instante o fato nos calou e todos, quase que simultaneamente, questionaram o que havia acontecido metros atrás. Em seguida uma voz ecoou na rua já vazia:
- A culpa de quem... Vamos fazer o que...
Ninguém respondeu simplesmente porque não havia resposta. A questão é que após o grande evento, já tradicional em São Paulo não pudemos nos esquecer das mazelas da cidade e fomos trazidos à realidade.
sexta-feira, 27 de março de 2009
História de vida
O semblante de Halima mostra mais do que seus cinquenta anos de vida. Brasileira, filha de pais palestinos refugiados da guerra e viúva, ela conta sua história voluntariamente: “Os brasileiros gostam de ouvir minha história porque são muitas as diferenças culturais", explica em tom de desabafo.
Halima e seus irmãos - duas mulheres e quatro homens - foram criados sob a rigidez de seu pai, que educou a família com punhos de ferro. “Ele era muito bravo e, por isso, nós o respeitávamos demais", diz. Reprimida, a moça só veio namorar aos 20 anos um rapaz árabe conhecido de sua família. Após três meses se casou e mudou para o Rio Grande Sul. O casamento arranjado durou apenas um ano: “Nós não nos conhecíamos, não sabíamos nada um do outro, não podia dar certo".
Aos 21 anos e com uma vida pela frente, Halima sonhava, como grande parte das mulheres, em casar e ter filhos. No entanto, sob a intensa supervisão do pai, a moça manteve-se solteira por mais de uma década. Segundo ela, a família islâmica jamais permitiria que se envolvesse com um rapaz de outra religião. "Minha vida foi muito sofrida, aliás, a vida das filhas de imigrantes palestinos é muito difícil devido à severidade dos pais", conta.
A primeira a desafiar o poder paterno foi a irmã mais nova de Halima, que conheceu um brasileiro e brigou com sua família para se casar. Os irmãos não passaram por esse problema já que os homens podem se casar com mulheres de outras religiões, pois a intenção é que os maridos convertam suas esposas ao islamismo. Halima revela que a repressão sofrida dentro de casa é a origem de alguns distúrbios psicológicos, não só nela, mas também em sua irmã mais velha que jamais se casou e ainda hoje mora em companhia da mãe.
Quando completou 31 anos Halima estava totalmente desiludida. No entanto, nessa época teve uma das maiores surpresas de sua vida: seu pai lhe chamou para uma conversa e lhe deu permissão para se relacionar com homens não adeptos ao islamismo. Halima não acreditava que ainda pudesse formar uma família.
Após anos de solidão Halima conheceu um rapaz italiano, o qual tempos depois seria seu marido. Halima finalmente havia encontrado o amor de sua vida e,aos 36 anos, se casou. O fruto do matrimônio é Hana, uma linda criança de dez anos de idade.
Tudo parecia bem, mas a vida havia reservado mais uma surpresa para Halima: após 13 anos de casamento, seu marido faleceu em decorrência de um câncer de pele. O mundo de Halima caiu pois, além do companheiro, ela havia perdido seu braço direito.
Após um ano, Halima ainda não superou completamente o trauma e tenta reconstruir sua vida. No Brasil conta apenas com sua mãe e seus irmão, nunca foi a Palestina. Os tios mais próximos estão nos Estados Unidos e na Jordânia, por isso, os conhece apenas por telefone.
Halima tinha todos os motivos para jogar tudo para o alto e desistir, afinal a vida foi muito dura para ela. No entanto, há uma força que não se sabe de onde vem. Apesar de perdida em seu tempo, luta a todo instante para conseguir tocar a vida. Está a um mês de se tornar mestre em Comunicação Social pela Universidade Estadual Paulista, provando sua força interior. Mesmo viúva, Halima ainda se mostra apaixonada, pois quando fala de seu marido é nítido o brilho em seus sofridos olhos.
Halima e seus irmãos - duas mulheres e quatro homens - foram criados sob a rigidez de seu pai, que educou a família com punhos de ferro. “Ele era muito bravo e, por isso, nós o respeitávamos demais", diz. Reprimida, a moça só veio namorar aos 20 anos um rapaz árabe conhecido de sua família. Após três meses se casou e mudou para o Rio Grande Sul. O casamento arranjado durou apenas um ano: “Nós não nos conhecíamos, não sabíamos nada um do outro, não podia dar certo".
Aos 21 anos e com uma vida pela frente, Halima sonhava, como grande parte das mulheres, em casar e ter filhos. No entanto, sob a intensa supervisão do pai, a moça manteve-se solteira por mais de uma década. Segundo ela, a família islâmica jamais permitiria que se envolvesse com um rapaz de outra religião. "Minha vida foi muito sofrida, aliás, a vida das filhas de imigrantes palestinos é muito difícil devido à severidade dos pais", conta.
A primeira a desafiar o poder paterno foi a irmã mais nova de Halima, que conheceu um brasileiro e brigou com sua família para se casar. Os irmãos não passaram por esse problema já que os homens podem se casar com mulheres de outras religiões, pois a intenção é que os maridos convertam suas esposas ao islamismo. Halima revela que a repressão sofrida dentro de casa é a origem de alguns distúrbios psicológicos, não só nela, mas também em sua irmã mais velha que jamais se casou e ainda hoje mora em companhia da mãe.
Quando completou 31 anos Halima estava totalmente desiludida. No entanto, nessa época teve uma das maiores surpresas de sua vida: seu pai lhe chamou para uma conversa e lhe deu permissão para se relacionar com homens não adeptos ao islamismo. Halima não acreditava que ainda pudesse formar uma família.
Após anos de solidão Halima conheceu um rapaz italiano, o qual tempos depois seria seu marido. Halima finalmente havia encontrado o amor de sua vida e,aos 36 anos, se casou. O fruto do matrimônio é Hana, uma linda criança de dez anos de idade.
Tudo parecia bem, mas a vida havia reservado mais uma surpresa para Halima: após 13 anos de casamento, seu marido faleceu em decorrência de um câncer de pele. O mundo de Halima caiu pois, além do companheiro, ela havia perdido seu braço direito.
Após um ano, Halima ainda não superou completamente o trauma e tenta reconstruir sua vida. No Brasil conta apenas com sua mãe e seus irmão, nunca foi a Palestina. Os tios mais próximos estão nos Estados Unidos e na Jordânia, por isso, os conhece apenas por telefone.
Halima tinha todos os motivos para jogar tudo para o alto e desistir, afinal a vida foi muito dura para ela. No entanto, há uma força que não se sabe de onde vem. Apesar de perdida em seu tempo, luta a todo instante para conseguir tocar a vida. Está a um mês de se tornar mestre em Comunicação Social pela Universidade Estadual Paulista, provando sua força interior. Mesmo viúva, Halima ainda se mostra apaixonada, pois quando fala de seu marido é nítido o brilho em seus sofridos olhos.
PARADISE NOW
O filme retrata a amizade de dois jovens, Said e Khaled, que são selecionados por um grupo palestino para realizarem um ataque suicida na capital israelense.
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