segunda-feira, 11 de maio de 2009

Revirada Cultural



Depois de um 21 horas de Virada Cultural e apenas 3 de sono era tempo de voltar para a casa. Todos estavam muito felizes, porém cansados. O show da Maria Rita havia sido muito bom, o reencontro com os amigos, melhor ainda. Além disso, havia os corintianos, campeões paulistas que ainda estavam exaltados de tanta alegria após 3 horas do término do jogo.
A sujeira e o cheiro de urina já pareciam estar incorporados às ruas de São Paulo. Todos caminhavam no mesmo sentindo, afinal era preciso chegar até as estações de metrô para chegar em casa a tempo de ver ouvir a música do Fantástico e ter certeza de que o domingo havia acabado.
Estávamos na Avenida São João, era um mar de gente e, por isso, resolvemos esperar um pouco. Depois fomos caminhando calmamente até a Estação da Luz. Conversávamos e ríamos muito alto até que uma briga chamou nossa atenção. Uma mulher encostava uma criança na parede e dava-lhe muitos socos. A menina, vestida com uma roupa muito suja e bem maior que seu corpo reagia. Conseguiu fugir e pegou um pedaço de caixote que estava na calçada.
- Vem aqui sua vaquinha, vem aqui com essa tábua que enfio esse prego na sua cara. Rasgo sua cara inteira, sua trombadinha – gritava a mulher.
A criança se mostrava assustada, porém não parava de afrontar a moça e jogou para cima dela o pedaço de pau.
- Vem aqui sua trombadinha. Eu sou macaca velha, agora você vem querendo me roubar. O que você quer é dinheiro para fumar crack, sua biscatinha! Eu tô ligada! – gritou novamente a mulher.
Correndo, a menina fugiu assustada. Estávamos logo atrás dela e ela nos olhava como se fossemos reagir a um assalto que não havia acontecido conosco. Ela seguiu até a Estação da Luz, onde a perdemos de vista. Ninguém disse nada, mas por um instante o fato nos calou e todos, quase que simultaneamente, questionaram o que havia acontecido metros atrás. Em seguida uma voz ecoou na rua já vazia:
- A culpa de quem... Vamos fazer o que...
Ninguém respondeu simplesmente porque não havia resposta. A questão é que após o grande evento, já tradicional em São Paulo não pudemos nos esquecer das mazelas da cidade e fomos trazidos à realidade.

2 comentários:

André Augusto disse...

A culpa não é dos tóxicu? rs

Inspirada hein, mano! Dois textos! Sucesso!

Sheila Moreira disse...

kkkk...pois Coxa... tenho que parar de loucura e escrever.. esse négocio de ficar tristonha vai acabar!! hehe