sexta-feira, 22 de maio de 2009

A polêmica relação entre jornalismo e internet

Deixo aqui mais dois textos sobre o possível fim da mídia impressa. Segue o link de Jornalismo e internet podem conviver juntos, de Bruno Calixto disponível em http://postexto.wordpress.com/.Acessem e lá descobrirão outros ótimos textos.
Ainda ontem ví no site da Folha de São Paulo um texto dentro da temática, escrito por Fernando Canzian, que muito me chamou atenção. Vou disponibilizá-lo aqui na íntegra e espero que gostem , aproveitem e discutam....coletivamente!!

Jornais em crise? Ande de avião

DE NOVA YORK - Na semana passada, o Comitê Nacional de Transportes dos EUA realizou audiência sobre a queda de um avião em 12 de fevereiro passado em Buffalo (NY). A tragédia matou 49 pessoas a bordo e mais uma em terra.

Em questão de horas, dois dos melhores jornais norte-americanos, o "The New York Times" e o "The Wall Street Journal", trouxeram à tona histórias sinistras sobre como as empresas aéreas no país deceparam custos. A ponto de comprometer a segurança dos que voam muito em um país continental como os EUA.

A copiloto do avião que se espatifou em Buffalo havia passado a noite inteira viajando em uma poltrona comum da Costa Oeste dos EUA para Newark, ao lado de Nova York (sua base). Ao chegar, assumiu pela manhã a segunda posição de comando no voo.

Já o piloto, investigou o "WSJ", havia omitido duas vezes de sua ficha de contratação o fato de ter falhado em voos simulados em casos de emergência. Detalhe: as falhas ocorreram em situação idêntica à que provocou a queda do avião.

Um dia depois, o "NYT" trouxe outros casos. Outro piloto regional comprou um carro velho, que quase não anda, para deixar estacionado na garagem de sua "base" de voos, a centenas de quilômetros de sua cama e família, do outro lado do país.

Ele usa o carro para tirar cochilos. Assim como vários outros que dividem quartos de US$ 200/mês de famílias próximas a aeroportos para ter um "crash pad" (um lugar macio para cair), onde podem descansar por algumas horas.

Uma tabelinha simples e didática na capa do "NYT" mostrou que um capitão com mais de 40 anos de idade e com dez anos ou mais de experiência tem salário médio de US$ 5,8 mil/mês sem qualquer benefício. Seu copiloto, US$ 2,7 mil. Nos EUA, são remunerações chocantes para o tipo de função.

Muitos desses pilotos, ficamos sabendo pelos jornais, têm em média só 8h30min por dia para chegar a um hotel, trocar de roupa, dormir, levantar e estar prontos para um novo voo.

Nos EUA, há uma discussão enorme sobre a chamada "crise dos jornais", traduzida em queda de circulação, receita e dívidas. Há um mês, o "NYT", por exemplo, entrou em acordo com seus jornalistas e cortou salários em 5% neste ano para evitar demissões. Ameaçou ainda fechar o "Boston Globe", do qual é dono, se um acordo parecido não fosse aceito.

Além de muitos problemas exclusivos de má gestão nos jornais americanos, fala-se também em necessidade de "reinvenção". Isso seria necessário por causa da massificação da internet, com seus milhões de blogs e opiniões para todos os gostos.

Opinião, todo mundo tem. Mas é preciso 1.300 jornalistas para se fazer um produto com a qualidade do "NYT" e levantar histórias como as acima enquanto se acompanha também ao vivo guerras no Iraque e no Afeganistão, o fim da guerra civil no Sri Lanka e as enchentes no Maranhão.

Devido à importância que se dá para o setor nos EUA, o Congresso norte-americano começa a se debruçar mais uma vez sobre o tema, a exemplo do que ocorreu em uma crise de menores proporções na década de 1970.

A partir dali, o chamado Newspaper Preservation Act permite que dois ou mais jornais competindo numa mesma região formem uma espécie de cartel, com preços de assinaturas e anúncios idênticos --desde que suas redações continuem independentes. A ideia é evitar o canibalismo entre as duas empresas já em crise.

Enquanto os parlamentares discutem outras medidas para preservar o setor, os próprios jornais vão repensando ações passadas. O "NYT", por exemplo, já considera voltar a cobrar pelo seu conteúdo disponível na internet (a exemplo do que faz o "WSJ", com quase 1 milhão de pagantes).

Alguns jornais também se reuniram para criar equipamentos portáteis que permitem a leitura online de seus conteúdos em uma tela maior do que a de um computador, o que facilitaria também a venda de anúncios para esse tipo de mídia.

Mas, embora o mercado de jornais impressos nos EUA venha encolhendo, ele é ainda gigantesco. Apenas os três maiores, "USA Today", "NYT" e "WSJ", têm circulação conjunta de mais de 5 milhões de exemplares. Além disso, a procura por seu conteúdo na internet aumenta rapidamente.

No Brasil, se somarmos todos os grandes jornais nacionais e regionais não chegaremos à metade da circulação dos três maiores norte-americanos. Além disso, ao contrário dos países avançados, a circulação dos jornais brasileiros cresceu nos últimos anos.

E tem ainda uma larga avenida pela frente à medida em que aumentar a renda da população.

4 comentários:

bruno calixto disse...

Oi Sheila!

Legal essa idéia, acho importante esse debate.

Tenho lido bastante sobre essa crise, e a minha opinião é que não se trata de uma crise do jornalismo impresso, mas do empreendimento jornalístico impresso. As empresas jornalísticas nos EUA não estão conseguindo manter lucrativa essa atividade, as rendas publicitárias caem, as vendas migram para revistas especializadas. Ou seja, é uma questão do modelo de negócios. Existem propostas para resolver isso, como conteúdo pago ou transformar os jornais em empreendimentos sem fins lucativos.

Aproveito e deixo aqui dois links que podem contribuir com o debate: http://tinyurl.com/p3g8xk e http://tinyurl.com/cc4lnj (O da prospect saiu em português na Folha Mais, mas o conteúdo é fechado para assinantes, então segue o link em inglês).

Bjs

Bruno

Armando Teixeira Junior disse...

É isso aew Sheila !!!!

Olha o coletivo coletivizando....rs

Acho que me expressei mal no comentário anterior...rs... não acredito na democratização do acesso as novas tecnologias, mas apenas no salto direto sem esse entremeio. O VHS sumiu e os DVDs chegaram, e nem por isso todos os brasileiros tinham acesso ao vídeo cassete antes dessa tecnologia se tornar obsoleta. Acho que infelizmente no Brasil sempre teremos a classe excluída de qualquer evolução tecnológica, e mesmo ela sendo a imensa maioria, isso não impedirá o avanço para a minoria privilegiada. Mas como você disse o debate vai longe. Desde que li o texto do Planta, esse assunto surge de forma recorrente em minhas leituras diárias, e tinha colocado como objetivo escrever algo sobre o assunto quando me sobrasse um tempinho...rs
Olha o tal zeitgeist...rs

bjaaaao

Sheila Moreira disse...

é verdade...o zeitgest tá sempre na atividade! hehehe.. e acho que quando o assunto é esse a gte tem que opinar mesmo, Armando! vc está certissímo! é uma discussão eterna...sempre com prós e contras. Realmente, é fato que sempre teremos uma minoria excluída, mas ainda bem que nós, como jornalistas, pensamos nessa parcela da população antes do fim do meio mais acessível pra ela, o impresso! Sei que não vamos mudar o mundo, mas esse debate é muito importante.Fiquei feliz com a participação de vcs!

Plantinha, bem vindo ao Coletivo... sinta-se a vontade! Muito obrigada pelos links!ótima colaboração.

bjumeliga!

Anônimo disse...

Thanks :)
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