domingo, 17 de maio de 2009
Nem vem que não tem
O horário da sessão era às 20h50. Cheguei um pouco mais cedo, pois aos sábados os shoppings lotam e os ingressos de cinema são disputados pelo público. A fila estava enorme, porém quando entrei na sala tive uma surpresa: não havia ninguém!
Em cartaz estava o recém lançado documentário “Simonal - Ninguém sabe o duro que dei”, dirigido pelo casseta Cláudio Manuel, Micael Langer e Clavito Leal. O documentário traz à tona a ascensão de decadência da carreira do cantor Wilson Simonal. Para assisti-lo, apenas dez pessoas em meio a tantas poltronas.
A pergunta que não quer calar: porque a ausência de público? Fácil, muito fácil, já que as salas vizinhas estavam exibindo “X-Men – Origens: Wolverine” (personagem do australiano Hugh Jackman) e o lançamento “Anjos e Demônios”, o qual antes mesmo de ser assistido já conquistou os fãs de O Código da Vinci, também do autor Dan Brown.
Afinal, quem foi Wilson Simonal? A que geração interessa saber sobre sua história? É triste pensar que falta interesse pela memória da música nacional. Os espectadores de “Simonal - Ninguém sabe o duro que dei”, em linhas gerais, são apreciadores de Simonal, idosos ou jovens que por algum motivo (talvez até pelo trabalho de seus filhos Max de Castro e Wilson Simoninha tiveram interesse de assisti-lo. Acho que, por isso, naquela sessão foi possível contar o público apenas com os dedos das mãos.
Sobre o documentário
“Simonal - Ninguém sabe o duro que dei” não veio para inocentar ou culpar Wilson Simonal. O documentário conta a trajetória do cantor que atingiu seu apogeu entre os anos 60 e 70 e foi visto como um fenômeno musical.
Talentoso, pobre e negro, Simonal teve que afrontar uma sociedade ainda calcada no preconceito racial e, inclusive compôs a canção "Tributo a Martin Luther King". Ele conseguiu, fez sucesso no Brasil e no exterior, porém tropeçou no próprio sucesso.
Devido a um episódio, ainda não esclarecido, levou a carreira de Simonal à tona. Após um desentendimento, o ex-contador do cantor foi levado e espancado no prédio do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social).
A partir de então, Wilson Simonal passou a ser visto pela mídia e pelos artistas como colaborador do regime militar. Acusado de delação foi processado criminalmente e seus discos foram retirados do mercado fonográfico. O nome do cantor foi encoberto pela história.
O documentário traz depoimentos de nomes como Chico Anisyo, Jaguar, Tony Tornado, Ziraldo, Miele, Nelson Motta, Max de Castro e Wilson Simoninha. Raphael Viviani (o ex-contador) também pode contar a sua versão do fato.
Simonal faleceu em 2000, vítima de uma cirrose hepática decorrente do alcoolismo. Ao término do filme, a dúvida persiste. Afinal, quem realmente foi Wilson Simonal?
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3 comentários:
Adorei o blog. Visitar-lo-ei com frequência...
seja bem vindo coração! que bom que vc gostou! bjus
Assim que eu assistir, eu respondo a pergunta Sheiloca. Pode ter certeza de que não me perderei nos Wolverines e Códigos da Vinci da vida... rs. Nosso papel de jornalista, além de refletir, é incitar a reflexão nas pessoas... bjos
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