Escrevendo sobre a Virada Cultural, lembrei-me de um outro episódio: há dois meses atrás fui ao show do Max de Castro do cubano Yaniel Matos no Sesc Pompéia. Como de costume, fomos andando até a Lapa, onde uns pegam ônibus e outros, trem. Já estava chegando na estação, mais exatamente passando ao lado do Mercado Municipal da Lapa, quando percebi que alguém me seguia.
Tarde demais, o rapaz pediu dinheiro, celular e tudo que fosse de valor. Fiquei perplexa olhando, mas Rafael (que havia sido assaltado há menos de um mês) entregou-lhe parte de seu dinheiro. Transtornado, o moço gritou que queria tudo e colocou a mão dentro da bermuda. Assustamos, achamos que estava armando e Rafael deu-lhe o resto do dinheiro e o celular.
Eu continuava sem reação até que comecei a procurar os únicos dois reais e sessenta centavos que tinha carteira. Nessa hora o ladrão gritou:
- Não precisa mais não. Tá bom esse aqui, esse celular nem quero, toma de volta. Me desculpe, mas é a droga que faz isso com a cabeça da gente. Só Jesus pode me salvar! Desculpe...
Foi a primeira vez que vi um ladrão pedir desculpas ao assaltado. Ele não estava drogado, na verdade estava tão careta ao ponto de parecer um louco em um momento de crise. Demência total.
Demos as costas e mais uma vez ele nos chamou. Desta vez, era para nos oferecer dinheiro para ir embora.
- Quatro reais tá bom?
- Sim, dá pra gente ir.
Assim fomos embora pensando no episódio, indignados. Afinal, que ladrão era esse? Foi um excêntrico assalto!
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