quinta-feira, 21 de maio de 2009

Questão de hábito?


Ainda em tempo. O programa Debate MTV ( assista aqui) foi ao ar na terça-feira, 19/05, mas só agora pude sentar para escrever algo. O tema do dia era “A mídia impressa vai acabar?”. Sentados à mesa estavam o apresentador Lobão e seus convidados: Marcelo Tas (o professor Tibúrcio e apresentador do CQC), Marcello Ghigonetto (jornalista/ relações públicas e colaborador do Blog da Comunicação), Matsuo Oko (diretor de arte da revista My Wave), Cláudio Tognolli (jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes – USP), Pablo Miyazawa (editor da Rolling Stone) e Luciano Martins (do site Observatório da Imprensa)
O programa foi muito bom e a discussão calorosa. Opiniões divergentes vieram à tona e como um bom debate, o programa terminou, porém não teve um ponto final. Foram deixadas pelos participantes e, também, pelo público várias reticências.

Marcelo Tas, a “celebridade” do Twitter, confessou ser amante da mídia impressa. Atento as novas tecnologias, Tas diz gostar de ver os livros envelhecerem em sua estante. Para o jornalista, o momento hoje é de transição: “Somos a geração que está discutindo os meios, estamos no meio da transformação. Mas, independente do meio, internet, papel, celular, o que o leitor quer é uma boa história”.
Quando questionado o perfil do jornalista contemporâneo, finalmente, chegou-se a um consenso na mesa, já que todos concordaram que os cursos de Jornalismo atuais preparam alunos de maneira híbrida. “Quando saem da faculdade eles (os alunos) estão prontos para trabalharem em diferentes segmentos, seja em um jornal ou em um site”, disse o professor Cláudio Tognolli.
Concordo com a afirmação colocada de que a mídia impressa não irá acabar porque ainda há o hábito da leitura em papel. Por mais que o conteúdo de um jornal seja oferecido na internet e eu possa acessá-lo de dentro de casa, ainda prefiro sujar os dedos folheando o diário de minha preferência. Acho que sou, como disse Marcelo Tas, “da antiga” porque um livro só está completo se o sinto em minhas mãos, faz parte da leitura.
Diferentes são os blogs, criados para essa atmosfera alucinante que é a internet. Talvez, a sensação de vazio não exista porque nunca pude pegar um blog nas mãos. Pode parecer louco, mas para mim a dificuldade de transição entre os veículos impressos e digitais se resume, entre tantos fatores, ao tato.
Mais um ponto: discutiu-se o fim da mídia impressa, mas não foi colocado em pauta que parte da população brasileira ainda é excluída digitalmente. Um bom motivo para acreditarmos que os impressos terão vida longa. No entanto, essa é uma questão que atinge a esfera das políticas públicas. Deixemo-las para outra ocasião.

Enfim, a discussão sobre o tema é infinita. Resultado foi positivo, afinal a função do debate é a troca de opiniões. A única crítica fica para o mediador Lobão, que apesar de contribuir com excelentes comentários, se mostrou um pouco afoito e, por muitas vezes, interrompeu os convidados.
Para finalizar, uma última pergunta: como ficarão os gibis da Turma da Mônica (aprendi a ler com eles), que tanto adoro, se a mídia impressa acabar? Prefiro não pensar! (rs)

3 comentários:

Unknown disse...

A população brasileira não só é excluída digitalmente como ainda concentra grandes índices de analfabetismo ou analfabetismo funcional... a questão é: a internet poderá continuar sendo uma revolução se atingir todas as camadas da sociedade de forma igualitária. Mas pra isso será necessário oferecer internet gratuita sem esse exagero que pagamos pela internet banda larga, só para ficar no aspecto técnico e financeiro da coisa.

Armando Teixeira Junior disse...

Assunto com certeza extremamente urgente para todos nós jornalistas. Concordo com você Sheila a respeito da nossa preferência pelos meios impressos, mas tenho a impressão que isso não será o suficiente para barrar a nova geração que hoje inicia seus aprendizados em frente a um computador. Quanto aos diversos problemas de acessibilidade aos meios, acredito que essa barreira será transposta antes mesmo de percebermos, nós mesmos editávamos fitas em tape deck a pouco mais de 5 anos atrás, no início da facul, o que hoje parece coisa do vovô.
O planta também escreveu um ótimo texto sobre o assunto no blog dele, seria massa disponibilizar um link entre os textos para aumentar ainda mais o debate.

Bjaaao

Sheila Moreira disse...

Com certeza Armando, as gerações posteriores a nós já são da "era digital". As crianças na pré escola já sabem usar computadores e as redes de relacionamento encantam os adolescentes. Tudo eles procuram na internet... bibliotecas são seres de outro mundo para eles!
Agora quanto a exclusão digital eu acredito que vá demorar sim pq, sim, nós editavamos fitas em tape deck, mas temos que pensar que estávamos na faculdade e não inseridos nas camadas mais abastadas da sociedade. Essas tecnologias, obrigatoriamente, passam pelos centros acadêmicos.Nesse ponto concordo com o Silvio.
Bom, gte é uma longa discussão...muito obrigada pelos comentários. Espero que a gte continue nesse ritmo!
Ah, Armando vou seguir sua dica, o texto do planta é muito bom mesmo.

Valeu gente!!! bjus