terça-feira, 9 de junho de 2009

Nova Mídia altera o valor do conteúdo

Para quem se interessa pelo tema e quer ler mais sobre a relação entre as mídias digitais e o jornalismo aqui vai a dica de uma boa entrevista de Marcelo Coutinho (estudioso do impacto da tecnologia na economia e na comunicação) à Gazeta Mercantil. Está disponível no Conversa Afiada, site do jornalista Paulo Henrique Amorim.


Gazeta Mercantil - O senhor falou que o conteúdo continuará a ser um item muito importante no cenário que se desenha para o mercado da comunicação. Mas que tipo de conteúdo é esse que será valorado? Quais as perspectivas para a produção jornalística?

O conteúdo tem relevância na medida em que ele é uma moeda social. É o fato de ter acesso a um material interessante, diferente e reproduzi-lo em uma rede, que pode ser digital ou não - é preciso entender que há as redes sociais que não são digitais. As pessoas falam das redes sociais como se elas tivessem surgido com a internet. Mas a sociologia começou a estudá-las por volta de 1890. A novidade é que elas passaram a ser mensuráveis a partir da digitalização. Então, que conteúdo é importante? Claramente percebemos que é aquele que vai além da instantaneidade. De que me vale ver na capa de um jornal a seguinte manchete “Obama é eleito”. Não faz sentido. Vamos analisar o assunto por partes. Pense no jornalismo hard news (notícias factuais), que pode ter alto impacto, mas tem vida útil curta. Esse tipo de conteúdo será comercializado talvez por um grupo muito restrito de organizações internacionais com escala para uma produção global. Estamos falando de dois, talvez três grandes conglomerados. Esse tipo de produto vai morrer como suporte para comunicação publicitária, porque ninguém vai esperar 24 horas para ler a notícia num jornal. A hard news continuará importante, mas o valor percebido nela, no sentido de gerar um modelo de negócios, será cada vez menor. Minha impressão é que caminhamos para a valorização do conteúdo contextualizado. Assim, creio que teremos produtos de mídia na linha da The Economist, com análise e contextualização. Não acredito que as organizações de mídia terão um modelo economicamente viável baseado na exploração de hard news. Esse vai ser um jogo para duas ou três companhias globais, que fornecerão para todo mundo.
Leia mais em http://www.paulohenriqueamorim.com.br/index.php?s=impresso

2 comentários:

bruno calixto disse...

oi sheila,

muito interessante a entrevista! e muito curioso o fato de você ter selecionado uma entrevista sobre novas mídias feita por um jornal que - veja só - não existe mais...

bjs

Sheila Moreira disse...

hahaha.. verdade planta, a gazeta nem existe mais!! triste não? Alias as novas mídias estão causando.. vide o blog da petrobras, né?

bjus