quarta-feira, 17 de junho de 2009
Jornalista: com diploma ou sem diploma?
Estava trabalhando agora a tarde e, de repente, entrei em crise existencial. Lí no Blog do Noblat que sete dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acham que o diploma não deve mais ser obrigatório para o execício da profissão de jornalista.
Oras, porque tanto espanto? Eu já sabia que mais ou menos dia isso ia acontecer! È que ao ler a notícia não pude deixar de me lembrar do esforço que fiz para passar no vestibular e, depois, os quatro anos que fiz de graduação. Tudo bem que a faculdade não foi só um diploma, mas pensamentos "egoistas" invadem minha mente e me fazem acreditar que o diploma teria que ser obrigatório.
Tudo bem que o jornalismo é aprendido mesmo na prática, mas com diploma já existe dificuldade em ingressar no mercado de trabalho, então imagine sem! Como mandar currículos e participar de seleções sem ter o "abençoado" diploma? A não obrigatoriedade é benéfica para quem já está no meio e não para aqueles, como eu, que decidiu um dia ser jornalista sem contatos ou os famosos QIs.
Olhem a opinião de Boris Casoy sobre o assunto. Já digo que discordo dele em vários pontos. Porém, concordo em outros e, por isso, resolvi coletivizar:
Casoy – Sou contra. Não há necessidade nenhuma de diploma. Veja, não sou pelo fechamento das escolas de comunicação. Muito pelo contrário, acho que devem ser melhoradas e muito. Podem formar profissionais muito melhores do que esses que estão sendo “atirados” ao mercado. Jornalismo as pessoas acabam aprendendo, elas acabam “forjando” sua profissão, dentro das redações. É o que continua acontecendo. Acho um atraso de vida essa obrigatoriedade de diploma. Isso cria uma reserva de mercado. Se as escolas são tão boas, certamente, aqueles que cursam terão uma preferência pela qualidade.
Jornalismo é profissão intelectual. Daqui a pouco vão propor a criação de um curso especial para escritor... isso é um horror: você propor que só pode escrever livros, oficialmente, quem tem diploma. Não tem lógica!
Lembrando que muitos jornalistas renomados não tem diploma. O próprio Bóris Casoy não tem. Ricardo Kotscho também não tem. Os caras são muito competentes, afinal diploma não tem nada a ver com competência. Mas a pergunta persiste: e eu, o que faço com o meu humilde diploma unespiano?
Leiam o post de hoje no Blog do Noblat: Maioria vota contra exigência de diploma para jornalista
Essa é de fevereiro, disponível no Portal Imprensa: União de Jornalistas Independentes luta por fim de diploma e registros provisórios
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4 comentários:
Sheilinha, não entre em crise existencial. Nada vai mudar. Os cursos de jornalismo vão continuar existindo, as empresas vão continuar contratando pessoas formadas, por uma simples questão de seleção de mercado. O diploma pode não ser mais obrigatório, mas os quatro anos que você passou na unesp vão fazer a diferença no final.
bjs
bruno
Não sei exatamente como reagir a notícia. Gostaria de ter a tranquilidade do Planta sobre o assunto. Acho que sem dúvida nós jornalistas saímos prejudicados como classe, será mais difícil lutar por direitos e por salários adequados à nossa função. Mas o que mais me incomoda é que, no fundo, concordo com o Bóris Casoy em quase todos os aspectos e só me sinto ferido na verdade por ter o diploma na mão e saber que a partir de agora os "apadrinhamentos" que já eram constantes serão ainda maiores, principalmente nos veículos menores e nas empresas de Rádio e Televisão.
Sem surpresa a ação ter sido protocolada pela SERTESP.
SERTESP( não o sindicato em si, mas as empresas) que também é responsável pelos menores pisos da nossa profissão e que reclama sempre, mesmo tendo um dos maiores faturamentos da àrea...
Por outro lado também confio no nosso talento Sheilinha e essa será a única forma de manter alguma qualidade nos meios de comunicação =D ....
Bjoooos
o ministro Gilmar Mendes disse que jornalista é como chefe de cozinha...
pois bem, estou selecionando receitas para fazer o livro "O sabor do diploma - 100 deliciosas receitas com o inútil documento"
humpf!
isso vai ajudar aquele povo que adora pegar um microfone e sair falando besteira por aí, só pq é atriz/ator/modelo e tem um rosto bonitinho... ou então os "intelectuais" que adoram escrever palpites sobre tudo e se sentiam tristes porque eram colunistas e não jornalistas...
Infelizmente, contribui para a "banalização" do ofício. Porque eu iria fazer uma faculdade de jornalismo, já que eu mando bem no português e o amigo do meu pai me coloca no véiculo "z". Claro que é um exemplo radical, mas se os profissionais - bons ou ruins - já sofriam com a saturação, devido aos diversos formados todos os anos, a tendência é piorar. Principalmente pra quem tá começando e passará a disputar vaga com...sabe se lá quem.
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